São Paulo, sexta-feira, 26 de julho de 2002

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ENTRE AMIGOS

Nas ruas arborizadas, eles se exercitam e conversam com vizinhos

Praças são ponto de encontro de aposentados no bairro da Lapa

DA REPORTAGEM LOCAL

No bairro da Lapa, onde está o maior percentual de idosos chefes de domicílio na cidade de São Paulo (34,89% do total de casas), é fácil notar a grande concentração de pessoas com mais de 60 anos de idade.
À tarde, nas praças e ruas arborizadas da área delimitada pelas ruas Belmonte e Monte Pascal, eles praticam caminhadas e conversam com os vizinhos e amigos.
O aposentado Alfredo Fudelko, 91, vive com a mulher, Maria Lina, 81, há 50 anos no bairro. A casa própria foi conseguida graças a um financiamento. Ele recebe pouco mais de dois salários mínimos de aposentadoria. "Se o camarada ganha o suficiente para comer, está bem", diz.
Poucas casas adiante, mora sozinha a também aposentada Eunice Andrade de Santos Penna, 69. "Por aqui vive muita gente idosa, tenho bastante amizade no bairro", conta.
Eunice trabalhou durante 30 anos no escritório da estrada de ferro Santos-Jundiaí. A ferrovia marcou a história do bairro, quando, no final do século 19, virou uma de suas paradas.
Outro ponto importante na história da Lapa são os loteamentos feitos pela companhia City, que determinaram o traçado atual do bairro.
"O espaço físico é fundamental para que as pessoas sintam segurança psicológica", pondera o engenheiro eletrônico aposentado José Perissinotto, 62, que nasceu e criou os três filhos na Lapa.
O aposentado mora com sua mulher, Maria José, 54, no bairro que considera o "centro do universo".
Perissinotto faz exercícios todos os dias de manhã e já plantou mais de cem árvores pelas ruas da Lapa.

Mooca
Na Mooca, outro distrito com alto índice de chefes de família idosos (34,65%), ainda é comum a presença de imigrantes italianos, que fizeram a fama do bairro ao longo do tempo.
O comerciante Salvatore Matrone, 68, veio da Itália para o Brasil em 1950. Está no bairro há 22 anos, vive com a mulher e uma filha.
Matrone trabalha oito horas por dia e não pretende parar tão cedo suas atividades.
João Citron, 87, é aposentado e também nasceu na Itália. Ele vive com a mulher, Cecília, 82, com quem teve dois filhos, há 40 anos na Mooca. "Quando cheguei aqui, não tinha asfalto nem água," diz.
Citron era metalúrgico e hoje sustenta a casa com sua aposentadoria, de cinco salários mínimos, e com o auxílio financeiro de um de seus filhos.



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