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ENTRE AMIGOS
Nas ruas arborizadas, eles se exercitam e conversam com vizinhos
Praças são ponto de encontro de aposentados no bairro da Lapa
DA REPORTAGEM LOCAL
No bairro da Lapa, onde está o
maior percentual de idosos chefes de domicílio na cidade de
São Paulo (34,89% do total de
casas), é fácil notar a grande
concentração de pessoas com
mais de 60 anos de idade.
À tarde, nas praças e ruas arborizadas da área delimitada
pelas ruas Belmonte e Monte
Pascal, eles praticam caminhadas e conversam com os vizinhos e amigos.
O aposentado Alfredo Fudelko, 91, vive com a mulher, Maria
Lina, 81, há 50 anos no bairro. A
casa própria foi conseguida graças a um financiamento. Ele recebe pouco mais de dois salários
mínimos de aposentadoria. "Se
o camarada ganha o suficiente
para comer, está bem", diz.
Poucas casas adiante, mora
sozinha a também aposentada
Eunice Andrade de Santos Penna, 69. "Por aqui vive muita gente idosa, tenho bastante amizade no bairro", conta.
Eunice trabalhou durante 30
anos no escritório da estrada de
ferro Santos-Jundiaí. A ferrovia
marcou a história do bairro,
quando, no final do século 19,
virou uma de suas paradas.
Outro ponto importante na
história da Lapa são os loteamentos feitos pela companhia
City, que determinaram o traçado atual do bairro.
"O espaço físico é fundamental para que as pessoas sintam
segurança psicológica", pondera o engenheiro eletrônico aposentado José Perissinotto, 62,
que nasceu e criou os três filhos
na Lapa.
O aposentado mora com sua
mulher, Maria José, 54, no bairro que considera o "centro do
universo".
Perissinotto faz exercícios todos os dias de manhã e já plantou mais de cem árvores pelas ruas da Lapa.
Mooca
Na Mooca, outro distrito com
alto índice de chefes de família
idosos (34,65%), ainda é comum a presença de imigrantes
italianos, que fizeram a fama do
bairro ao longo do tempo.
O comerciante Salvatore Matrone, 68, veio da Itália para o
Brasil em 1950. Está no bairro há
22 anos, vive com a mulher e
uma filha.
Matrone trabalha oito horas
por dia e não pretende parar tão
cedo suas atividades.
João Citron, 87, é aposentado
e também nasceu na Itália. Ele
vive com a mulher, Cecília, 82,
com quem teve dois filhos, há 40
anos na Mooca. "Quando cheguei aqui, não tinha asfalto nem
água," diz.
Citron era metalúrgico e hoje
sustenta a casa com sua aposentadoria, de cinco salários mínimos, e com o auxílio financeiro de um de seus filhos.
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