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EPIDEMIA 2
Veto em alguns países reduziria 60% do consumo
Especialistas querem proibir as fórmulas
do enviado especial
Especialistas e autoridades da
área da saúde presentes em Santiago pediram a proibição das associações contendo anoréticos preparadas em farmácias de manipulação. As fórmulas magistrais, como são chamadas, são receitas
prescritas por médicos que definem as substâncias, suas quantidades e associações.
Na farmacologia em geral, as
fórmulas manipuladas têm a vantagem de oferecer ao paciente uma
medicação personalizada. No caso
dos inibidores de apetite, elas vêm
sendo utilizadas para fazer associações que apressariam o tratamento, mas que na verdade trazem sérios riscos à saúde.
No Chile, 95% de todos os anoréticos são prescritos através das
fórmulas magistrais. No Brasil, segundo Elisaldo Carlini, as fórmulas representam dois terços das
drogas inibidoras de apetite.
As associações de anoréticos
com qualquer outra substância estão proibidas no Brasil por decisão
da Conselho Federal de Medicina.
Os médicos, no entanto, passaram
a usar mais de uma receita: na primeira, prescrevem um anorético;
na segunda, juntam benzodiazepínico com diurético, laxante, antidepressivo e outras drogas.
Especialistas afirmam ser muito
difícil receitar apenas drogas anfetamínicas, já que a substância cria
um estado intenso de ansiedade e
de agitação. Na maioria dos casos,
os médicos acabam receitando um
benzodiazepínico como forma de
tranquilizar o paciente.
Segundo técnicos presentes em
Santiago, a proibição dos anoréticos em fórmulas magistrais poderia reduzir mais de 60% o uso dessas drogas em alguns países.
Outra proposta aprovada em
Santiago foi a revisão da literatura
existente sobre os anoréticos para
se definir com clareza se têm ou
não efeito terapêutico na obesidade. Alberto Cormillot, diretor do
Instituto Argentino de Nutrição,
disse que até agora nenhum estudo clínico sério provou que essas
drogas trazem algum benefício ao
paciente. "Sendo assim, temos
que pedir que sejam banidas."
A equipe também propôs que
grupos sejam criados para estabelecer o que é obesidade e como deve ser tratada. Para a maioria dos
participantes, o uso de anoréticos
deve ser cuidadosamente definido
pelo médico, e o tratamento com
drogas terá de ser apenas auxiliar a
outras terapias, como já determinaram entidades médicas do Canadá e da União Européia.
A partir do encontro de Santiago, OMS, Opas e Nações Unidas
vão sugerir a introdução de matérias sobre nutrição em todos os
cursos, do primário às escolas de
medicina. Também serão propostos cursos específicos para médicos e profissionais de saúde.
(AURELIANO BIANCARELLI)
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