São Paulo, domingo, 26 de julho de 1998

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País pode ter 2 milhões de consumidores

do enviado especial

Pode chegar a 2 milhões o número de pessoas no Brasil que todos os dias tomam algum tipo de anfetamina para diminuir o apetite.
A estimativa, feita com base no consumo oficial e em estudos que mostram o uso clandestino dessas drogas, é do Cebrid (Centro Brasileiro de Investigação sobre Drogas), da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).
De acordo com dados das Nações Unidas, o Brasil consumiu entre 1993 e 1995 uma média de 6,5 doses diárias de anoréticos por mil habitantes. Numa população de 160 milhões, equivale a 900 mil consumindo uma dose diária.
Elisaldo Carlini, diretor do Cebrid, estima que esses dados são subestimados e que um outro contingente tão grande quanto estaria adquirindo o remédio por vias clandestinas.
No encontro de Santiago do Chile, Carlini citou um estudo que revelou a presença de anfetaminas na urina de 8% dos motoristas de caminhão do Recife.
A pesquisa foi feita pela Abead (Associação Brasileira de Estudos do Álcool e Outras Drogas), em parceria com a Faculdade de Medicina da USP e a Associação Brasileira de Medicina do Tráfego.
Outra pesquisa, feita pela mesma Abead e os Detrans de quatro Estados, mostrou que 3% dos motoristas acima de 40 anos que se envolveram em algum tipo de acidente de trânsito tinham sinais de anfetamina na urina. Ou seja, o uso desse tipo de droga é muito mais disseminado do que se imagina, pois não são pessoas com problema de obesidade.
Segundo Carlini, o consumo brasileiro de anoréticos está estabilizado em 20 toneladas anuais nos últimos anos. O representante da Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde, presente na reunião de Santiago, afirma que o consumo não ultrapassa 9 toneladas anuais. O documento das Nações Unidas divulgado na reunião informa que o Brasil não forneceu os dados referentes a 1996.
Segundo Carlini, somente uma indústria brasileira teria produzido cerca de sete toneladas em 1996. Ele atribui a informação à Associação Brasileira da Indústria de Química Fina. No país, pelo menos três outras empresas produzem drogas do tipo e vários laboratórios importam. (AB)


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