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País pode ter 2 milhões de consumidores
do enviado especial
Pode chegar a 2 milhões o número
de pessoas no Brasil que todos os
dias tomam algum tipo de anfetamina
para diminuir o apetite.
A estimativa, feita com base no
consumo oficial e em estudos que
mostram o uso clandestino dessas
drogas, é do Cebrid (Centro Brasileiro de Investigação sobre Drogas), da Unifesp (Universidade
Federal de São Paulo).
De acordo com dados das Nações Unidas, o Brasil consumiu
entre 1993 e 1995 uma média de 6,5
doses diárias de anoréticos por mil
habitantes. Numa população de
160 milhões, equivale a 900 mil
consumindo uma dose diária.
Elisaldo Carlini, diretor do Cebrid, estima que esses dados são
subestimados e que um outro contingente tão grande quanto estaria
adquirindo o remédio por vias
clandestinas.
No encontro de Santiago do Chile, Carlini citou um estudo que revelou a presença de anfetaminas
na urina de 8% dos motoristas de
caminhão do Recife.
A pesquisa foi feita pela Abead
(Associação Brasileira de Estudos
do Álcool e Outras Drogas), em
parceria com a Faculdade de Medicina da USP e a Associação Brasileira de Medicina do Tráfego.
Outra pesquisa, feita pela mesma Abead e os Detrans de quatro
Estados, mostrou que 3% dos motoristas acima de 40 anos que se
envolveram em algum tipo de acidente de trânsito tinham sinais de
anfetamina na urina. Ou seja, o
uso desse tipo de droga é muito
mais disseminado do que se imagina, pois não são pessoas com
problema de obesidade.
Segundo Carlini, o consumo
brasileiro de anoréticos está estabilizado em 20 toneladas anuais
nos últimos anos. O representante
da Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde, presente na reunião de Santiago, afirma que o
consumo não ultrapassa 9 toneladas anuais. O documento das Nações Unidas divulgado na reunião
informa que o Brasil não forneceu
os dados referentes a 1996.
Segundo Carlini, somente uma
indústria brasileira teria produzido cerca de sete toneladas em
1996. Ele atribui a informação à
Associação Brasileira da Indústria
de Química Fina. No país, pelo
menos três outras empresas produzem drogas do tipo e vários laboratórios importam.
(AB)
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