|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Portaria "afrouxa' controle, dizem médicos
da Reportagem Local
Endocrinologistas e representantes de grupos de apoio a dependentes de drogas começaram, em
maio, uma "batalha" com a Secretaria Nacional da Vigilância Sanitária. Eles criticam a mudança
na portaria 344, publicada no
"Diário Oficial da União".
Eles afirmam que a portaria relaxou o controle das drogas, principalmente de duas substâncias
consideradas as mais perigosas à
saúde, a fenfluramina (Isomeride)
e a dexfenfluramina (Minifage).
As drogas estão sendo investigadas porque há suspeita de que podem danificar as válvulas cardíacas, além de indícios de que elevam a pressão arterial no pulmão.
As drogas à base dessas substâncias já estão proibidas nos EUA e,
desde outubro passado, no Brasil.
Elas não podem ser vendidas e foram recolhidas das farmácias pela
Vigilância Sanitária.
Mas a crítica dos médicos -a
Folha teve acesso a 12 cartas enviadas à ex-secretária de Vigilância Sanitária Marta Nóbrega por
entidades e médicos criticando a
mudança- se refere ao fato de essas duas substâncias terem tido a
sua classificação mudada. Elas
deixaram de ser classificadas como drogas que produzem dependência e passariam, se puderem
ser comercializadas, de tarja preta
para tarja vermelha. A receita médica, nesse caso, não é mais aquela
de remédio controlado, mas uma
comum, branca.
Os médicos afirmam que a portaria é mais "frouxa" porque,
além de as duas substâncias deixarem de levar tarja preta, a proibição só é feita no último parágrafo
da portaria, que afirma que essas
drogas estão proibidas até que sejam finalizados os estudos que
analisam os efeitos colaterais.
"Imagine se os estudos não derem em nada. É só tirar aquele parágrafo da portaria e os remédios
ficam menos controlados do que
antes", afirma o ex-secretário da
Vigilância Elisaldo Carlini.
Marta Nóbrega, secretária da Vigilância Sanitária até a última
quinta-feira, disse à Folha que a
mudança foi feita porque, segundo a OMS, as duas substâncias não
causam dependência.
Segundo ela, em vez de "afrouxar", a portaria melhora a forma
de controlar não só essas substâncias, mas várias outras previstas
na portaria do ministério.
(LM)
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|