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Urbanista quer debater Plano Diretor
MELISSA DINIZ
DA REPORTAGEM LOCAL
Para urbanistas, as propostas do
novo Plano Diretor que a Prefeitura de São Paulo quer implantar
correm o risco de não sair do papel se não forem levadas em conta
questões cruciais para o desenvolvimento urbano da cidade.
Entre as principais propostas do
novo plano, adiantadas pelo secretário do Planejamento Urbano
Jorge Wilheim à Folha, estão a
ampliação das zonas residenciais
(Z-1) e a reindustrialização dos
distritos industriais da cidade, o
que seria feito por meio de operações urbanas e incentivos fiscais.
Um dos objetivos do projeto é
estimular formas de verticalização menos agressivas, como a
construção de prédios de até cinco andares na cidade.
Para o engenheiro Cláudio Bernardes, membro do conselho
consultivo do Secovi (sindicato
das imobiliárias e construtoras de
São Paulo), as propostas são premissas básicas de qualidade de vida, mas carecem de mecanismos
que as tornem realidade.
"Tudo isso é muito bonito e todo mundo quer que aconteça.
Mas o crescimento urbano não é
desejo de um ou de outro setor da
cidade. A construção demasiada
de prédios acontece porque existe
demanda para isso."
Segundo Bernardes, São Paulo
está se transformando em uma cidade de serviços. "O ciclo industrial da cidade já acabou. É preciso
prestar atenção ao turismo de negócios que está crescendo, há um
novo ciclo econômico no município que não pode ser ignorado."
Para o arquiteto e urbanista Ari
Albano, o plano contempla tudo
que se quer para uma cidade, mas
o modo como será realizado ainda precisa ser bastante discutido.
"Não adianta colocar alguns
serviços em determinados locais,
por exemplo, se não houver uma
política de habitação, é o que
acontece com a região central."
O arquiteto e urbanista do Instituto Pólis Renato Cymbalista concorda. "É necessário haver instrumentos que tornem possível esse
projeto", afirmou.
Cymbalista diz que gostaria de
ver no plano a presença de mecanismos de adensamento das regiões centrais que estão perdendo
população. "É preciso haver formas de combate à expansão periférica da cidade que é muito perversa, principalmente do ponto
de vista ambiental", afirma.
Para o vereador Nabil Bonduki
(PT), que é arquiteto e urbanista,
o plano não pode deixar de lado
instrumentos fundamentais que
foram introduzidos pelo Estatuto
da Cidade, como o cumprimento
da função social urbana.
O Estatuto trata das regras para
o uso de áreas urbanas e foi sancionado em julho pelo presidente
Fernando Henrique Cardoso.
"Considero fundamental introduzir no plano a criação de zonas
de habitação de interesse social e a
definição de áreas de operações
urbanas, mas que evitem gerar
despesas para o poder público."
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