São Paulo, quarta-feira, 26 de setembro de 2001

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Urbanista quer debater Plano Diretor

MELISSA DINIZ
DA REPORTAGEM LOCAL

Para urbanistas, as propostas do novo Plano Diretor que a Prefeitura de São Paulo quer implantar correm o risco de não sair do papel se não forem levadas em conta questões cruciais para o desenvolvimento urbano da cidade.
Entre as principais propostas do novo plano, adiantadas pelo secretário do Planejamento Urbano Jorge Wilheim à Folha, estão a ampliação das zonas residenciais (Z-1) e a reindustrialização dos distritos industriais da cidade, o que seria feito por meio de operações urbanas e incentivos fiscais.
Um dos objetivos do projeto é estimular formas de verticalização menos agressivas, como a construção de prédios de até cinco andares na cidade.
Para o engenheiro Cláudio Bernardes, membro do conselho consultivo do Secovi (sindicato das imobiliárias e construtoras de São Paulo), as propostas são premissas básicas de qualidade de vida, mas carecem de mecanismos que as tornem realidade.
"Tudo isso é muito bonito e todo mundo quer que aconteça. Mas o crescimento urbano não é desejo de um ou de outro setor da cidade. A construção demasiada de prédios acontece porque existe demanda para isso."
Segundo Bernardes, São Paulo está se transformando em uma cidade de serviços. "O ciclo industrial da cidade já acabou. É preciso prestar atenção ao turismo de negócios que está crescendo, há um novo ciclo econômico no município que não pode ser ignorado."
Para o arquiteto e urbanista Ari Albano, o plano contempla tudo que se quer para uma cidade, mas o modo como será realizado ainda precisa ser bastante discutido.
"Não adianta colocar alguns serviços em determinados locais, por exemplo, se não houver uma política de habitação, é o que acontece com a região central."
O arquiteto e urbanista do Instituto Pólis Renato Cymbalista concorda. "É necessário haver instrumentos que tornem possível esse projeto", afirmou.
Cymbalista diz que gostaria de ver no plano a presença de mecanismos de adensamento das regiões centrais que estão perdendo população. "É preciso haver formas de combate à expansão periférica da cidade que é muito perversa, principalmente do ponto de vista ambiental", afirma.
Para o vereador Nabil Bonduki (PT), que é arquiteto e urbanista, o plano não pode deixar de lado instrumentos fundamentais que foram introduzidos pelo Estatuto da Cidade, como o cumprimento da função social urbana.
O Estatuto trata das regras para o uso de áreas urbanas e foi sancionado em julho pelo presidente Fernando Henrique Cardoso.
"Considero fundamental introduzir no plano a criação de zonas de habitação de interesse social e a definição de áreas de operações urbanas, mas que evitem gerar despesas para o poder público."



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