São Paulo, quarta-feira, 26 de setembro de 2001

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SÃO BERNARDO

Inspeção feita pelos bombeiros avalia condições de equipamentos; empresa nega qualquer irregularidade

Vistoria na Nestlé venceu em setembro de 99

Moacyr Lopes/Folha Imagem
Um dia depois do início do incêndio no galpão da Nestlé, em São Bernardo, bombeiros ainda trabalham para combater o fogo no local


DO "AGORA"

O laudo de vistoria feito pelo Corpo de Bombeiros no depósito de distribuição da Nestlé na estrada do Alvarenga, em São Bernardo do Campo (Grande São Paulo), estava vencido havia dois anos. A última vistoria no local foi feita em março de 1999, tendo validade de 180 dias.
Durante a inspeção são verificados os equipamentos de combate a incêndio (hidrantes e extintores), o sistema de alarme de incêndio, a iluminação de emergência, as rotas de fuga e a pressão dos hidrantes.
A informação foi dada pelo coronel Wagner Ferrari, comandante do Corpo de Bombeiros do Estado. Ele esteve à frente da operação de combate ao incêndio que destruiu metade do depósito de 45 mil m2 da empresa, anteontem.
Até o final da tarde de ontem, os corpos do 2º tenente Carlos Alberto Teixeira, 43, e do 1º sargento Alail Alves Benício, 51, continuavam desaparecidos. Eles faziam parte da primeira equipe que atendeu a ocorrência.
A vistoria atualizada poderia ter evitado possíveis falhas apontadas pelo coronel Ferrari no sistema de bombeamento nos hidrantes da Nestlé, que foram utilizados pela brigada de incêndio da empresa quando o fogo foi percebido, às 12h de anteontem.
Segundo ele, o galpão da empresa tem 12 metros de altura, mas a pressão nos hidrantes levava água até apenas 3 metros, sendo que o fogo começou pelo teto. "Se não fosse a falta de pressão nos hidrantes, talvez não tivéssemos perdido o controle do incêndio."
A vistoria dos bombeiros, prevista em decreto estadual de 1993, deve ser feita a cada dois anos. Para que ocorra, é necessário uma solicitação da empresa, o que, no caso da Nestlé, não teria ocorrido.
O coronel Ferrari afirma que a fiscalização do documento cabe à prefeitura.

Outro lado
Em nota oficial, a assessoria da Nestlé informou que "está de acordo com as normas de segurança para o tipo de atividade que exerce e para as dimensões do local". Mas, ainda segundo a nota, a empresa aguardará a conclusão da perícia técnica para, então, se pronunciar, inclusive sobre as possíveis causas do incêndio.
A Nestlé avalia que, por conta do incêndio, terá de prejuízos de cerca de R$ 90 milhões.
O delegado Carlos Eduardo de Vasconcelos, do 3º DP de São Bernardo, irá presidir o inquérito que vai apurar as causas do incêndio. Segundo ele, só após o rescaldo, provavelmente hoje, os peritos do Instituto de Criminalística poderão percorrer o local.

Colaborou a Reportagem Local


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