São Paulo, domingo, 26 de setembro de 2004

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"Durmo com janela aberta", diz arquiteta

DA REPORTAGEM LOCAL

"Assim que você passa a portaria, parece que entrou no paraíso." A arquiteta Ana Cristina Quitete, 42, vive num condomínio horizontal em Barueri, na Grande São Paulo, há 17 anos e não esconde que a grande vantagem de morar num local assim é a segurança. "Durmo com a porta destrancada e com as janelas abertas. Isso não existe em São Paulo", afirma.
A portaria à qual ela se refere é uma espécie de "bunker" cheio de seguranças -a de um dos mais antigos condomínios da região chega a ter 26 vigilantes.
São eles que controlam o entra-e-sai de moradores, prestadores de serviços e visitantes, que precisam explicar onde vão e com quem vão falar. Alguns ainda têm de deixar documento na entrada.
Desde que surgiram na região de Barueri, há pouco mais de 25 anos, os condomínios horizontais se multiplicaram e transformaram a paisagem.
Onde as padarias eram escassas e os serviços raros, hoje há shopping centers, redes de fast food de toda sorte, bancos, colégios, cursinhos pré-vestibulares, bares e até uma universidade. Tudo da "portaria do paraíso" para fora. Mas logo ali do lado.
A arquiteta -que desconfia do bom gosto dos projetos de algumas casas de alto padrão locais- não se faz de inocente e sabe que a proliferação de conjuntos residenciais é apenas um sintoma da rede de proteção que a elite paulistana tenta formar.


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