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Kassab cede 30 cargos a 13 vereadores
Barganha, que prefeitura dizia ter abolido, é utilizada para buscar a aprovação na Câmara de projetos de interesse do Executivo
Negociações começaram no fim do 1º semestre, após vereadores decidirem bloquear projetos de interesse da prefeitura
EVANDRO SPINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL
A fim de garantir apoio na
Câmara Municipal, o prefeito
de São Paulo, Gilberto Kassab
(DEM), cedeu nos últimos meses ao menos 30 cargos em subprefeituras a 13 vereadores. Há
postos ainda em negociação.
As negociações começaram
no fim do primeiro semestre,
após o bloco conhecido como
"Centrão", liderado pelo presidente da Casa, Antonio Carlos
Rodrigues (PR), decidir bloquear a aprovação de projetos
de interesse do Executivo. Estavam sendo aprovados apenas
projetos de autoria dos próprios vereadores.
Estão parados desde o início
do ano, por exemplo, um projeto que institui um programa de
parcerias com a iniciativa privada e outro que cria uma empresa que dará garantias para
empréstimos da prefeitura.
Entre junho e agosto foi feita
a maior parte das nomeações,
sob o comando de Antonio Carlos Malufe, assessor da Secretaria de Governo e ex-secretário
particular do governador Mário Covas, morto em 2001.
A partir daí, a pauta de interesse do governo foi desobstruída: foram aprovadas as contas do primeiro ano de Kassab e
o projeto que concede benefícios fiscais a clubes e federações esportivas. Nesta semana,
o governo quer votar um pacote
de interesse dos servidores.
Kassab também está preocupado com o Orçamento de
2008, com a revisão do plano
diretor e com a autorização para a iniciativa privada explorar
publicidade nos pontos de ônibus e relógios.
O projeto da publicidade, por
exemplo, só não foi enviado antes porque o prefeito não tinha
confiança em sua aprovação
pelos vereadores.
Prática tradicional
A entrega de cargos para vereadores é a retomada de uma
prática tradicional da política
paulistana, que "loteava" as
subprefeituras -ou as antigas
administrações regionais- para vereadores. A atual gestão
afirmava ter rompido com essa
prática ao escolher apenas técnicos para as subprefeituras, tidas como os principais focos de
corrupção na administração.
A prefeitura nega que tenha
distribuído cargos a parlamentares, mas o vereador Adilson
Amadeu (PTB) afirmou que a
prática existe. "Sou o único vereador que não tem ninguém",
diz ele, que aguarda a nomeação de correligionários seus para a Vila Prudente.
O principal beneficiado com
cargos até agora foi o próprio
presidente da Câmara, que indicou quatro pessoas para funções de confiança na Subprefeitura de Campo Limpo, sua base
eleitoral. Um dos indicados é
Isac Félix, ex-assessor de Rodrigues na Câmara.
Além disso, Rodrigues conseguiu a transferência para o Jabaquara do então subprefeito
do Campo Limpo, Heitor Sertão. O presidente da Câmara
exigiu a queda de Sertão por temer que ele fosse candidato a
vereador e lhe "roubasse" votos
em sua base eleitoral.
Outros vereadores do "Centrão" e até mesmo da base aliada de Kassab foram beneficiados, sempre em subprefeituras
de suas bases eleitorais.
Aurélio Miguel (PR) indicou
o supervisor de esportes do Butantã. Toninho Paiva (PR) fez
indicações para a Penha.
Myryam Athie (PPS) ficou com
cargos de supervisores de esportes em subprefeituras como
Penha, Mooca e Itaquera.
Domingos Dissei (DEM) e
Wadih Mutran (PP), ambos governistas, retomaram no atual
governo o domínio que já vinha
de pelo menos uma década das
subprefeituras de suas bases
eleitorais -Ipiranga e Vila Maria, respectivamente.
Entre os tucanos, Gilson Barreto, Adolfo Quintas, Claudinho de Souza e Dalton Silvano
receberam cargos em suas bases eleitorais.
Antonio Goulart (PMDB),
que negocia sua filiação ao
DEM, fez indicações -ainda
pendentes- para a Subprefeitura de Cidade Ademar.
O PDT, do vereador Claudio
Prado, domina desde o início da
atual gestão a Subprefeitura do
Itaim Paulista. Prado é ligado à
Força Sindical, que também comanda a Secretaria Municipal
do Trabalho -o único caso em
que o governo admitia acordos
políticos envolvendo cargos
nas subprefeituras.
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