São Paulo, quarta-feira, 26 de setembro de 2007

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Chamada de inútil por Serra, ponte estaiada custará R$ 71 mi a mais

Recursos serão gastos na implantação de alça de acesso, entre outras coisas

ROGÉRIO PAGNAN
DA REPORTAGEM LOCAL

A ponte estaiada de R$ 147 milhões que está sendo construída sobre o rio Pinheiros (zona sul de São Paulo), chamada em 2005 de "faustosa" e inútil pelo então prefeito José Serra (PSDB), vai receber novos investimentos da Prefeitura de São Paulo de R$ 71 milhões.
Seu custo total vai superar os R$ 220 milhões -quase a metade dos R$ 500 milhões anuais destinados pela Secretaria de Infra-Estrutura do município a investimentos.
Os recursos adicionais serão para nova licitação que prevê a implantação de uma alça de acesso à via local da marginal Pinheiros (o projeto original só prevê acesso à expressa), a retirada da rede de alta tensão próxima à obra, placas de sinalização e uma iluminação especial.
O secretário de Infra-Estrutura, Marcelo Cardinale Branco, nega que a administração tenha hoje uma visão diferente da de antes -quando criticava o excesso de recursos aplicados- e alega que sem a nova licitação a obra será entregue incompleta. "Não é investir mais R$ 70 milhões. A ponte, como um todo, tem todo esse custo. É que parte dela não tinha sido licitada. Para funcionar, ela precisa dessa licitação complementar", afirmou Branco.
"É uma obra que vai ficar muito bonita, mas eu teria priorizado ações de habitação popular, outras ações de infra-estrutura das comunidades mais carentes ali daquele entorno."
A construção da ponte foi iniciada no governo petista de Marta Suplicy (2001-2004) e liga a marginal à avenida Jornalista Roberto Marinho. Ela terá 150 metros de altura (equivalente a um prédio de 50 andares), sustentados por cabos (chamados de estais).
Em fevereiro de 2005, poucos dias após assumir a prefeitura, Serra suspendeu as obras por cerca de cem dias. "Quiseram fazer uma coisa faustosa, cara. Esse negócio de estaiada foi só para vaidade, só para gastar dinheiro. Não ajuda o trânsito e custa uma fortuna. Se tivermos tempo e condições, mudaremos o projeto", disse o então prefeito à época.
O ex-secretário Antonio Arnaldo de Queiroz e Silva disse que houve a suspensão na época porque se estudou a possibilidade de a ponte ser feita pelo método tradicional (seria 20% mais barata), mas a idéia foi descartada porque partes já erguidas seriam destruídas.
Essa paralisação, além de atrasar as obras, também custará R$ 2,2 milhões aos cofres públicos de indenização à empreiteira OAS -responsável pela construção.
Branco alega que essa indenização não provocará aumento dos custos porque é praticamente o desconto dado anteriormente pela empreiteira quando a obra foi retomada.


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