|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Chamada de inútil por Serra, ponte estaiada custará R$ 71 mi a mais
Recursos serão gastos na implantação de alça de acesso, entre outras coisas
ROGÉRIO PAGNAN
DA REPORTAGEM LOCAL
A ponte estaiada de R$ 147
milhões que está sendo construída sobre o rio Pinheiros
(zona sul de São Paulo), chamada em 2005 de "faustosa" e inútil pelo então prefeito José Serra (PSDB), vai receber novos
investimentos da Prefeitura de
São Paulo de R$ 71 milhões.
Seu custo total vai superar os
R$ 220 milhões -quase a metade dos R$ 500 milhões anuais
destinados pela Secretaria de
Infra-Estrutura do município a
investimentos.
Os recursos adicionais serão
para nova licitação que prevê a
implantação de uma alça de
acesso à via local da marginal
Pinheiros (o projeto original só
prevê acesso à expressa), a retirada da rede de alta tensão próxima à obra, placas de sinalização e uma iluminação especial.
O secretário de Infra-Estrutura, Marcelo Cardinale Branco, nega que a administração
tenha hoje uma visão diferente
da de antes -quando criticava
o excesso de recursos aplicados- e alega que sem a nova licitação a obra será entregue incompleta. "Não é investir mais
R$ 70 milhões. A ponte, como
um todo, tem todo esse custo. É
que parte dela não tinha sido licitada. Para funcionar, ela precisa dessa licitação complementar", afirmou Branco.
"É uma obra que vai ficar
muito bonita, mas eu teria priorizado ações de habitação popular, outras ações de infra-estrutura das comunidades mais
carentes ali daquele entorno."
A construção da ponte foi iniciada no governo petista de
Marta Suplicy (2001-2004) e liga a marginal à avenida Jornalista Roberto Marinho. Ela terá
150 metros de altura (equivalente a um prédio de 50 andares), sustentados por cabos
(chamados de estais).
Em fevereiro de 2005, poucos dias após assumir a prefeitura, Serra suspendeu as obras
por cerca de cem dias. "Quiseram fazer uma coisa faustosa,
cara. Esse negócio de estaiada
foi só para vaidade, só para gastar dinheiro. Não ajuda o trânsito e custa uma fortuna. Se tivermos tempo e condições,
mudaremos o projeto", disse o
então prefeito à época.
O ex-secretário Antonio Arnaldo de Queiroz e Silva disse
que houve a suspensão na época porque se estudou a possibilidade de a ponte ser feita pelo
método tradicional (seria 20%
mais barata), mas a idéia foi
descartada porque partes já erguidas seriam destruídas.
Essa paralisação, além de
atrasar as obras, também custará R$ 2,2 milhões aos cofres
públicos de indenização à empreiteira OAS -responsável
pela construção.
Branco alega que essa indenização não provocará aumento
dos custos porque é praticamente o desconto dado anteriormente pela empreiteira
quando a obra foi retomada.
Texto Anterior: Outro lado: Prefeito nega trocar cargos por apoio Próximo Texto: Ricos e pobres comem mal, aponta pesquisa Índice
|