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OUTRO LADO
Não fizemos nada errado, defende-se investigador
DE SÃO PAULO
O investigador Oswaldo
Cardenuto confirma que deu
um carro ao empreiteiro no
valor de R$ 28 mil. "Eu não tinha dinheiro. Perguntei ao
empreiteiro se ele aceitava
um carro e ele topou. Comprei por R$ 20 mil, R$ 22 mil e
passei por R$ 28 mil".
Cardenuto afirma que fez
um empréstimo na Nossa
Caixa para comprar o veículo
que deu ao empreiteiro. "Essa foi a corrupção que fiz. Peguei dinheiro emprestado".
Ele diz ter feito isso porque
"é obrigado a trabalhar". "O
prédio estava inabitável. Tinha até pomba morta na caixa d'água. Se deixo de cumprir uma ordem, não é o Estado que é punido. Sou eu".
Segundo ele, todos os distritos são reformados com dinheiro levantado pelos próprios policiais. O mesmo tipo
de procedimento ocorre com
viaturas e computadores.
Ele cita o que considera
um exemplo: o Estado comprou 15 mil computadores
para a polícia com o sistema
operacional Linux, que não
funcionam, segundo ele. "Os
policiais compram Word pirata para trabalhar. O Estado
brinca de administrador. Dizer que isso gera corrupção é
uma visão simplista".
O investigador Mario Lúcio Gonçalves diz que a informação do empreiteiro Wandir Falsetti de que ele deu R$
10 mil está errada. "Dei uns
R$ 4 mil, R$ 5 mil, de forma
parcelada. Todo mundo fez
vaquinha na delegacia. Não
dava para entrar no prédio.
Tinha mosca, barata, rato.
Porque do lado do prédio tem
um depósito de lixo".
Gonçalves afirma ter dado
dinheiro por "necessidade".
"Não fiz nada de errado. Eu
precisava trabalhar".
Um investigador que pediu para seu nome não ser citado diz ter trabalhado como
peão na reforma. Relata ter
caído de uma escada de três
metros de altura. "Se eu tivesse dinheiro, não teria trabalhado como peão, pedreiro e eletricista".
A Secretaria da Segurança
diz que a investigação sobre
irregularidades na reforma
do prédio existe, mas não pode dar detalhes para não
atrapalhar o caso. Segundo a
secretaria, a investigação
corre sob "sigilo policial".
A Folha procurou o delegado Marcos Vinicius Vieira
na última sexta-feira, mas
não conseguiu localizá-lo.
O ex-secretário de Segurança Ronaldo Marzagão diz
que reformas de prédios não
passavam por seu gabinete.
"Eu só determinava a mudança, não acompanhava o
processo." Segundo ele, a autonomia dos órgãos da secretaria é tamanha que eles
prestam contas diretamente
ao Tribunal de Contas.
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