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Governo fará "pente fino" em fábricas de leite
A partir de segunda-feira, todo o setor leiteiro do país será alvo de inspeções preventivas do Ministério da Agricultura
Outra medida anunciada ontem é a interdição, pela Anvisa, de lotes de leite longa vida das marcas Parmalat, Calu e Centenário
JUCIMARA DE PAUDA
DA FOLHA RIBEIRÃO, EM UBERABA
O governo federal anunciou
ontem em Uberaba (MG) que
vai passar um "pente-fino" em
todas as fábricas de leite do
país. O anúncio foi feito três
dias após a prisão de 27 pessoas
ligadas a duas cooperativas mineiras acusadas de adulterar o
leite para aumentar o prazo de
conservação e o volume.
As prisões resultaram de três
meses de investigação da Polícia Federal e do Ministério Público de Uberaba que culminou
com a Operação Ouro Branco,
deflagrada pela PF na última
segunda em Passos e Uberaba.
A investigação aponta que
substâncias como soda cáustica, água oxigenada e citrato de
sódio eram adicionadas ao leite
da Copervale (Cooperativa dos
Produtores de Leite do Vale do
Rio Grande), de Uberaba, e da
Casmil (Cooperativa Agropecuária do Sudoeste Mineiro),
de Passos.
Segundo a PF, o presidente e
funcionários da Copervale confirmaram a adição de soda
cáustica ao leite.
Entre os clientes dessas cooperativas estão a Parmalat, a
Nestlé, a Calu e a Centenário.
Lotes interditados
Também foi definido que a
Anvisa (Agência Nacional de
Vigilância Sanitária) determinará hoje a interdição de lotes
de leite longa vida produzidos
pela Parmalat, Calu e Centenário (veja quadro nesta pág.).
Isso significa que esses lotes
não poderão ser comercializados. Para quem tem unidades
desses lotes em casa, a orientação da Anvisa é não consumir o
produto até a conclusão das investigações e análises.
A agência, porém, reitera que
esses produtos não representam risco iminente à saúde porque é pequena a quantidade de
produtos adicionada ao leite.
Além disso, a Subsecretaria
de Vigilância em Saúde de Minas informou, em nota, que,
embora os laudos indiquem irregularidades no leite, não é
possível afirmar que tenha sido
adicionada soda cáustica, uma
vez que o método de análise
não identifica a substância.
Na nota, a secretaria mineira
cita investigações na Copervale
e em uma cooperativa de Itumbiara (GO).
"Vamos retirar do mercado
os produtos identificados como
fraudados. O "Diário Oficial" vai
trazer amanhã (hoje) com precisão os lotes e as unidades fabris onde eles foram produzidas", disse Laura Brant, gerente de Inspeção e Controle de
Risco de Alimentos da Anvisa.
As medidas foram anunciadas após uma reunião de técnicos do órgão com integrantes
do Ministério da Agricultura,
Polícia Federal e Vigilância Sanitária do Estado de Minas Gerais, em Uberaba. A força-tarefa foi criada após a Operação
Ouro Branco.
Pente-fino
Nelmon Oliveira da Costa,
diretor do Departamento de
Inspeção de Produtos de Origem Animal, do Ministério da
Agricultura, informou que a
operação pente-fino em todo o
setor leiteiro do país vai começar na próxima segunda-feira.
"Todas as marcas de leite
existentes no país vão passar
por uma análise rigorosa. Qualquer empresa que tenha indício
de fraude vai ser investigada.
Depois vamos estender para todas as marcas de leite existentes no país tanto do leite UHT
como do pasteurizado. Não vai
ser feito em 24 ou 48 horas,
mas vamos desencadear a operação", disse.
"A denúncia é rotina, mas
fraude como a descoberta pela
Polícia Federal de Uberaba nos
surpreendeu. Intensificamos
as ações, mas esperamos que
essa fraude seja pontual", disse.
De acordo com Costa, as empresas onde forem constatadas
as fraudes serão punidas e só
poderão voltar a atuar no mercado após atender uma série de
exigências do ministério.
Luiz Felipe Caram, sub-secretário da Vigilância Sanitária
do Estado de Minas Gerais,
afirmou que o governo mineiro
também vai disponibilizar técnicos para fazer a análise de
amostras dos produtos onde foram constatadas as fraudes.
Colaboraram a Sucursal de Brasília e a Agência
Folha
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