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Laudo de laboratório federal aponta água oxigenada em leite cru da Casmil
PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
MARCELO TOLEDO
DA FOLHA RIBEIRÃO, EM PASSOS (MG)
Laudo emitido pelo Lanagro
(Laboratório Nacional Agropecuário) com resultados das
análises do leite produzido pela
Casmil (Cooperativa Agropecuária do Sudoeste Mineiro)
apontou presença de peróxido
de hidrogênio (água oxigenada)
no produto cru resfriado.
A Folha obteve cópia do laudo produzido pelo laboratório,
vinculado ao Ministério da
Agricultura. O resultado do trabalho foi entregue ao Ministério Público Federal em Passos
(356 km de Belo Horizonte),
onde fica a Casmil.
A adição da água oxigenada,
segundo os técnicos do laboratório, pode mascarar más condições de higiene.
A Nestlé e a Parmalat eram
as principais compradoras de
leite cru da Casmil. A comissão
de intervenção nomeada pela
Justiça para a cooperativa informou que, dos 180 mil litros
vendidos diariamente para outras empresas, 100 mil litros
seguiam para as duas gigantes
do setor e o restante era vendido para pequenas empresas.
O promotor Paulo Márcio da
Silva afirmou que, inicialmente, a apuração mostra que Nestlé e Parmalat são vítimas e adquiriam o produto sem saber
da adulteração.
"Partimos do pressuposto
que são vítimas, até porque um
funcionário do SIF (Serviço de
Inspeção Federal) [que foi preso] ganhava dinheiro para fraudar laudos."
Ele não soube dizer há quanto tempo as empresas compravam leite da Casmil, mas afirmou que alguns carregamentos
eram devolvidos por não terem
sido aprovados nos testes de
qualidade das próprias empresas que, segundo o promotor,
são "rigorosos".
"A fraude por adição de peróxido de hidrogênio em leite
cru, ao qual se aplica a definição de conservante, se reporta
ao seu efeito antibacteriano,
permitindo que más condições
higiênico-sanitárias de obtenção, conservação e transporte
sejam dissimuladas", diz o ofício assinado por técnicos e
coordenadores do Lanagro.
As amostras analisadas foram tiradas de dois caminhões-tanque que haviam acabado de
deixar a Casmil, em 16 de agosto. Os caminhões tinham como
destino o Laticínios Suíço-Holandês e a Nestlé.
O laudo diz que, além do peróxido de hidrogênio, foi constatada a presença de soro (resultante da fabricação de queijo) no produto. Essa identificação foi feita por meio da medição de CMP (caseinomacropeptídeo), que atesta a qualidade do leite cru resfriado. Pelos
índices encontrados, o leite
não poderia ser consumido.
Os índices de CMP registrados nas três amostras analisadas foram de 152,4 mg/L (miligramas por litro), 144,6 mg/L e
143,6 mg/L. A quantidade máxima permitida é de 75 mg/L.
Colaborou JUCIMARA DE PAUDA ,
da Folha Ribeirão, em Uberaba
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