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Lula troca o comando do espaço aéreo
COTIDIANO Crise faz presidente exonerar o diretor-geral e o vice-diretor do Decea; Waldir Pires diz que mudança faz parte da rotina
O tenente-brigadeiro-do-ar Vilarinho, um dos exonerados, ordenou o aquartelamento dos controladores de vôo
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Caiu o comando do Decea
(Departamento do Controle de
Espaço Aéreo). Por conta da
crise aberta entre a Aeronáutica e os controladores de vôo, o
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva assinou a demissão do diretor-geral do Decea, tenente-brigadeiro-do-ar Paulo Roberto Cardoso Vilarinho, e do vice-diretor do órgão, major-brigadeiro-do-ar Ailton dos Santos
Pohlmann.
As exonerações foram publicadas no "Diário Oficial" da
União na última sexta-feira. No
mesmo dia, Lula nomeou para
comandar o Decea o major-brigadeiro-do-ar Paulo Hortênsio
Albuquerque e Silva, que até
então estava à frente do Terceiro Comando Aéreo Regional.
Procurado pela Folha, o comandante da Aeronáutica, brigadeiro Luiz Carlos da Silva
Bueno, não quis comentar as
mudanças. Já o ministro da
Defesa, Waldir Pires, negou
ontem que o afastamento seja
resultado da crise no setor. "É
uma medida de rotina", disse.
O estopim da crise instalada
entre os controladores e a Aeronáutica foi o acidente com o
Boeing da Gol, que levou à
morte dos 154 passageiros e tripulantes em 29 de setembro. O
conflito se acirrou com a operação-padrão dos servidores,
em sua maioria militares, que
tem provocado sucessivos atrasos nos vôos e conseqüentes
tumultos nos aeroportos.
Irritado com a situação, Vilarinho chegou a dar ordem para
o aquartelamento dos controladores militares nos feriados
de Finados e da Proclamação
da República. Em demonstração de força, durante o segundo
aquartelamento, os controladores intensificaram a operação-padrão, o que levou a Aeronáutica a suspender a ordem.
Contou para o acirramento
da crise também as declarações
de Vilarinho de que não existe
"zona cega" no sistema de controle do tráfego aéreo, como
alegaram os controladores responsáveis pelo acompanhamento da rota do boeing da Gol
e do Legacy, no trajeto que levou à colisão das aeronaves.
Ouvidos pela Polícia Federal
nos últimos dias, 13 controladores de vôo de São José dos
Campos, local de decolagem do
Legacy, e de Brasília, onde aterrissaria o Boeing, citaram um
"buraco negro" na região amazônica, que foge ao controle do
sistema usado pelo Decea.
Para a PF, houve "alguns" erros dos controladores. Quanto
ao "buraco negro", um laudo
técnico irá verificar se isso
existe ou não.
A possível falha humana levou o governo a destacar uma
equipe de advogados para
acompanhar a investigação policial. Eles estão se preparando
para, em caso de comprovado o
erro humano, atuar em eventuais ações de indenização que
os familiares das vítimas devem apresentar contra a União.
Historicamente, os controladores reclamam da carga horária excessiva de trabalho para
uma atividade de tamanha responsabilidade e tensão.
Estão em atividade atualmente 500 operadores civis e
2.500 militares. Segundo a associação da categoria, seriam
necessários mais 500 controladores para dar conta do setor.
Os operadores de vôo também defendem que a atividade
passe para a esfera civil, o que
poderia facilitar aumento para
os salários que hoje estão na
casa dos R$ 2 mil.
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