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EDUCAÇÃO
Calouros rolaram na lama
Alunos denunciam trote violento na USP
FREE-LANCE PARA A FOLHA CAMPINAS
DA REPORTAGEM LOCAL
A USP vai investigar um suposto trote violento em alunos de
medicina veterinária no campus
de Pirassununga (a 213 km de SP),
no último fim de semana. Esse é o
primeiro caso conhecido de trote
violento na USP depois da morte
do calouro de medicina Edison
Hsueh, em 1999.
Segundo denúncia feita ao disque-trote da universidade, os calouros de veterinária teriam sido
obrigados a tomar banho com
um líquido retirado do estômago
de gado (ruminal), a andar só
com roupas íntimas e a rolar em
lama com estrume de vaca. Havia
cerca de 150 estudantes.
O prefeito do campus de Pirassununga, Marcus Antônio Zanetti, disse que já há elementos suficientes que comprovam o trote
violento. Ele disse que, segundo a
portaria 3154/99, da reitoria da
USP, os alunos que forem identificados como os responsáveis pelo trote violento serão punidos
com suspensão ou expulsão do
curso. "Tudo vai depender da
participação de cada um."
Segundo o ouvidor-geral da
USP, Rui Laurenti, "os veteranos
e os calouros serão ouvidos".
O prefeito do campus afirmou
que, em 60 dias, o relatório final
da comissão de sindicância deve
estar concluído.
O professor Enrico Lippi Ortolani, presidente da comissão de
sindicância da faculdade, diz que
"informalmente" há a informação de que os alunos tiveram de
rolar na lama.
Um aluno do terceiro ano de
zootecnia, que reside na moradia
do campus de Pirassununga e
participou da festa, confirmou os
trotes, mas negou a violência.
Uma caloura que não foi à festa
disse que colegas confirmaram
que alunos veteranos jogaram líquido ruminal nelas, mas negaram que tenha havido brincadeira
com tochas -uma das denúncias
feitas ao disque-trote.
A estudante, que preferiu se
manter no anonimato, participou
da primeira semana de trote em
São Paulo, sem incidentes, mas
decidiu não ir a Pirassununga.
Segundo ela, nas aulas, os estudantes não reclamaram de nada,
já que "ninguém quer passar por
chato e ficar isolado". A estudante
afirma que o centro acadêmico
recomendou que os alunos não
dessem entrevista sobre o caso.
A presidente do centro, Ieda
Blanco, nega. "Só falamos que, se
a imprensa perguntasse, eles deveriam dizer que as coisas serão
resolvidas na sindicância. Mas
quem quiser falar pode."
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