São Paulo, quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

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Guardas são presos por espancar jovem

Segundo testemunhas, agentes da Guarda Civil Metropolitana de São Paulo agrediram e intimidaram clientes de bar

Guardas-civis foram presos em flagrante por policiais militares e indiciados por quatro crimes; corporação abre apuração sobre o caso

DA REPORTAGEM LOCAL
DA AGÊNCIA FOLHA

Dois guardas-civis metropolitanos foram presos por policiais militares quando espancavam um jovem em um bar na baixada do Glicério, no centro de São Paulo, anteontem à noite. Segundo relato de testemunhas, outras pessoas foram agredidas pelos agentes, que estavam embriagados e cometeram as agressões sem motivo.
Os agentes Leandro Gonzales Garcia, 30, e Rodrigo Jorge Attilio, 31, chegaram ao bar fardados e com revólveres da corporação. Testemunhas disseram que eles intimidaram clientes, confiscaram dinheiro e exibiram as armas. A primeira vítima foi um cliente -que acabou não sendo identificado pela polícia. "Estava na cozinha e, quando saí, vi que o rapaz estava levando socos e coronhadas. Tinha sangue dele por todo lado", disse a dona do estabelecimento, que pediu anonimato.
Segundo ela, outros clientes disseram que o rapaz foi agredido por reclamar do comportamento dos guardas. A mulher disse que, após a surra, a vítima foi levada para fora do bar e obrigada a correr, enquanto um dos agentes dava um tiro para o alto. "Depois, um deles esfregou o revólver na cara dos clientes e falava: alguém tem alguma coisa a dizer?", disse.

Espancamento
Amigo da dona do bar, o auxiliar de escritório Flávio Esteves Júnior, 23, voltava de um supermercado, ouviu o som do tiro e entrou para saber o que acontecia. Ele foi, então, agredido a socos e pontapés e arrastado pelos guardas até a rua Vasco da Gama. "Eles me bateram demais. Pensei que fosse morrer. Não falei nada, e eles me agrediram", afirmou. "Se os policiais não tivessem chegado, eu teria encontrado meu filho morto na rua", disse o pai, o advogado Flávio Esteves, 52.
Policiais militares que passavam pelo local perguntaram o que ocorria e ouviram dos guardas que era um acerto de contas. Houve bate-boca -o guarda Garcia teria apontado o revólver para os PMs ao receber voz de prisão, mas a dupla acabou se entregando e foi indiciada sob a acusação de tortura, abuso de autoridade, ameaça, desacato e lesão corporal.
O pai de Esteves Júnior afirmou que pretende processar o município. "É inadmissível que homens que devem proteger as pessoas façam algo desse tipo." (LUÍS KAWAGUTI E RACHEL AÑON)

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