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Guardas são presos por espancar jovem
Segundo testemunhas, agentes da Guarda Civil Metropolitana de São Paulo agrediram e intimidaram clientes de bar
Guardas-civis foram presos em flagrante por policiais militares e indiciados por
quatro crimes; corporação abre apuração sobre o caso
DA REPORTAGEM LOCAL
DA AGÊNCIA FOLHA
Dois guardas-civis metropolitanos foram presos por policiais militares quando espancavam um jovem em um bar na
baixada do Glicério, no centro
de São Paulo, anteontem à noite. Segundo relato de testemunhas, outras pessoas foram
agredidas pelos agentes, que estavam embriagados e cometeram as agressões sem motivo.
Os agentes Leandro Gonzales Garcia, 30, e Rodrigo Jorge
Attilio, 31, chegaram ao bar fardados e com revólveres da corporação. Testemunhas disseram que eles intimidaram
clientes, confiscaram dinheiro
e exibiram as armas. A primeira
vítima foi um cliente -que acabou não sendo identificado pela polícia. "Estava na cozinha e,
quando saí, vi que o rapaz estava levando socos e coronhadas.
Tinha sangue dele por todo lado", disse a dona do estabelecimento, que pediu anonimato.
Segundo ela, outros clientes
disseram que o rapaz foi agredido por reclamar do comportamento dos guardas. A mulher
disse que, após a surra, a vítima
foi levada para fora do bar e
obrigada a correr, enquanto um
dos agentes dava um tiro para o
alto. "Depois, um deles esfregou o revólver na cara dos
clientes e falava: alguém tem alguma coisa a dizer?", disse.
Espancamento
Amigo da dona do bar, o auxiliar de escritório Flávio Esteves
Júnior, 23, voltava de um supermercado, ouviu o som do tiro e entrou para saber o que
acontecia. Ele foi, então, agredido a socos e pontapés e arrastado pelos guardas até a rua
Vasco da Gama. "Eles me bateram demais. Pensei que fosse
morrer. Não falei nada, e eles
me agrediram", afirmou. "Se os
policiais não tivessem chegado,
eu teria encontrado meu filho
morto na rua", disse o pai, o advogado Flávio Esteves, 52.
Policiais militares que passavam pelo local perguntaram o
que ocorria e ouviram dos guardas que era um acerto de contas. Houve bate-boca -o guarda Garcia teria apontado o revólver para os PMs ao receber
voz de prisão, mas a dupla acabou se entregando e foi indiciada sob a acusação de tortura,
abuso de autoridade, ameaça,
desacato e lesão corporal.
O pai de Esteves Júnior afirmou que pretende processar o
município. "É inadmissível que
homens que devem proteger as
pessoas façam algo desse tipo."
(LUÍS KAWAGUTI E RACHEL AÑON)
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