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SAÚDE
Governo afirma que espera a redução dos preços
ONGs vão pressionar pela quebra de patente para droga anti-Aids
AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Organizações não-governamentais de São Paulo e Rio pressionarão o governo para que lance mão da "licença compulsória"
e passe a produzir os remédios
para Aids protegidos por patente.
A "licença compulsória" -na
prática uma quebra de patente-
é prevista pela lei brasileira e contemplada pelo Trips, tratado internacional de propriedade intelectual, em caso de "emergência
nacional".
As ONGs alegam que dois medicamentos protegidos por patentes, dos 12 que fazem parte do
"coquetel", representam mais de
30% dos gastos do governo com
tratamento. Ao manter esses preços, os laboratórios estariam
ameaçando a manutenção do
programa de combate à Aids.
A decisão das ONGs foi tomada
depois que representantes de entidades civis e do governo estiveram no Consulado dos EUA, em
São Paulo, na semana passada.
"A consulesa Carmem Martinez
reafirmou que os EUA não pretendem retirar o pedido de instalação de um fórum de arbitragem
contra o Brasil na Organização
Mundial do Comércio", disse Mário Scheffer, representante do
Movimento de Luta Contra a Aids
no Conselho Nacional de Saúde e
que participou do encontro.
Segundo Scheffer, mesmo se o
Brasil sair vitorioso no painel da
OMC, o artigo 68 da lei de patentes só permite a cópia e a produção se o laboratório dono da patente não fabricar o remédio no
país num prazo de três anos.
"É muito tempo para uma
doença como a Aids, por isso só
vemos solução na decretação da
"emergência nacional'", afirmou
Scheffer. A preocupação norte-americana com a lei brasileira,
manifestada numa declaração da
embaixada, é que o artigo 68
-"inconsistente com as disposições do acordo Trips"- venha a
ser empregado em qualquer tipo
de produto importado, não apenas em remédios contra a Aids.
Marco Antônio Vitória, representante do governo e que participou da conversa na semana passada, disse que o importante é a
saúde do brasileiro.
Ontem, Paulo Teixeira, coordenador do Programa Nacional de
Aids, disse que o Brasil "não está
interessado em criar atrito com os
laboratórios". "Se tivermos preços justos, não há razão para licença compulsória."
Um dos remédios em questão é
o efavirenz, da Merck, Sharp &
Dohme. O diretor da empresa
Marcos Lobo de Freitas Levy disse
que até o final da semana apresentará uma "redução substancial
do preço". Hoje, o país paga US$
2,32 por cápsula do efavirenz. Há
duas semanas, a Merck americana reduziu o preço para US$ 0,42
para países africanos.
"Esse preço significa uma redução de 80% e nos interessa muito", disse Teixeira. Segundo Levy,
a matriz americana ainda não informou qual será a proposta.
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