São Paulo, sexta, 27 de março de 1998

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ADMINISTRAÇÃO
Atitude é tentativa de melhorar a imagem do sistema em ano eleitoral, abalada pela crise financeira
Prefeitura negocia dívidas que são do PAS

CARLOS MAGNO DE NARDI
da Reportagem Local

Na tentativa de melhorar a imagem do PAS (Plano de Atendimento à Saúde), abalada por uma crise financeira e uma dívida de pelo menos RS 200 milhões, a administração Celso Pitta (PPB) passou a intervir diretamente em contratos privados entre empresas fornecedoras e as cooperativas de atendimento à saúde.
O próprio secretário Jorge Pagura (Saúde) tem negociado com fornecedores do PAS reduções de dívidas, alongamento de prazos e acordos para retirada de ações impetradas na Justiça por descumprimento de contratos.
Esse tipo de negociação caberia às próprias cooperativas do PAS, que, legalmente, têm independência administrativa e financeira. Na hipótese remota de lucro, por exemplo, o montante fica com as próprias cooperativas e não retorna à prefeitura.
Pagura diz que se conseguir fechar acordos com os fornecedores vai otimizar os custos das cooperativas e dar maior "fôlego" ao serviço de saúde prestado à população (leia texto nesta página).
A melhoria da imagem e dos serviços prestados pelo PAS -uma das bandeiras de campanha do então candidato Celso Pitta, em 96- é considerada vital para a candidatura a governador de Paulo Maluf, padrinho político do atual prefeito, nas eleições deste ano.
Em reunião com o empresário Reinaldo Caro Ormiga, sócio-proprietário da Ormiga Comércio e Representações Ltda., na última terça-feira, Pagura propôs a retirada das ações da empresa contra o PAS em tramitação na Justiça. Em troca, haveria uma agilização dos pagamentos.
Fornecedora de equipamentos médicos para todas as 14 cooperativas do PAS, a Ormiga pediu à Justiça a falência de uma delas, a Cooperpas 2, que administra o atendimento de saúde no Butantã e na Lapa, no último dia 18, devido ao atraso de pagamentos.
A mesma empresa moveu, em setembro do ano passado, uma ação de arresto de bens contra a Cooperpas 5 (Itaquera) para garantir o pagamento de dívidas. O pedido foi acolhido pelo juiz José Henrique Arantes Theodoro. No total, a empresa tem que receber cerca de R$ 1 milhão do PAS.
A Ormiga é apenas uma das cerca de 30 fornecedoras que já acionaram o PAS na Justiça.
O PAS é um sistema de atendimento e administração da saúde municipal implantado em São Paulo em 96. Com ele, a prefeitura deixou de administrar os hospitais e postos de saúde. A administração passou para as cooperativas.
No total são, 14 cooperativas que recebem uma verba calculada de acordo com uma estimativa do número de pessoas atendidas. Em 98, a prefeitura destinou R$ 50 milhões por mês às cooperativas.



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