São Paulo, segunda-feira, 27 de junho de 2005

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"Assumi o risco", diz mãe de gêmeos

DA REPORTAGEM LOCAL

Descolamento de 40% da placenta e repouso absoluto por nove meses. Foi esse o saldo da gravidez de gêmeos de Viviane Jarruy, 27, ocorrida após a segunda tentativa de fertilização in vitro.
Na primeira FIV, ela seguiu o conselho do médico e aceitou a transferência de apenas dois dos 27 embriões que havia produzido. O restante foi congelado.
"Na segunda vez, o médico queria voltar a transferir apenas dois, mas eu chorei muito e quis que fossem quatro. Assumi por escrito o risco da gravidez múltipla", afirma ela.
O primeiro susto aconteceu na 12ª semana de gestação, quando sofreu hemorragia e descolamento da placenta. Ficou uma semana internada e, ao voltar para casa, não saiu mais da cama.
"Corri riscos, mas não me arrependo. Sempre sonhei em ter gêmeos", diz. Com a família completa, ela e o marido autorizaram o descarte dos embriões restantes.
Viviane diz que hoje procura aconselhar as amigas que vão fazer FIV a transferir poucos embriões, mas nem sempre consegue. "Elas não se preocupam com o que pode acontecer. Querem engravidar, e não importa de quantos", diz.
Era exatamente esse o pensamento de Maria, 37, quando fez sua primeira FIV em um hospital público que prefere não identificar, depois de enfrentar três anos de fila de espera. Ela autorizou a transferência de seis embriões -o que é proibido pelo CFM. Três se fixaram.
"Foi um grande susto. Jamais acreditei que isso pudesse acontecer. A notícia [da gravidez tripla] só foi o começo do pesadelo."
No quarto mês de gestação, ela precisou fazer uma cerclagem (costura) no colo do útero porque havia a ameaça de rompimento.
Os bebês nasceram dois meses e meio depois, com menos de 1,5 kg. Ficaram dois meses e meio em uma UTI neonatal. Em razão da prematuridade e de infecções, duas das crianças ficaram com seqüelas auditivas e visuais.
"Saí do emprego, e o salário do meu marido mal sustenta a casa. Temos que contar com a ajuda de parentes todos os meses", conta.

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