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Fiscais retêm aparelho para calibrar mamógrafos
TALITA FIGUEIREDO
DA SUCURSAL DO RIO
Aparelhos que vão possibilitar
mais precisão no resultado de
exames de câncer de mama estão
há seis semanas retidos na Infraero (Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária) por
causa do atraso na liberação pela
Receita Federal.
Os equipamentos foram doados
pela ONU (Organização das Nações Unidas) ao Laboratório de
Metrologia em Mamografia da
Uerj (Universidade do Estado do
Rio de Janeiro). Um detector de
radiação custa US$ 30 mil.
A demora na liberação é consequência da greve da Receita, que
aconteceu de maio até o início de
julho, quando os fiscais começaram a fazer o que chamam de
"operação padrão".
"Fiscalizamos tão rigorosamente o que chega no país que o trabalho fica quase paralisado", reconheceu o diretor da Delegacia Sindical do Rio de Janeiro do Unafisco (sindicato dos fiscais da Receita), Alexandre Teixeira.
Segundo ele, apenas remédios,
alimentos e animais vivos são liberados com rapidez.
O laboratório da universidade,
o primeiro da América Latina que
terá os equipamentos -utilizados para ajustar os mamógrafos
de acordo com os padrões da
Agência Internacional de Energia
Atômica, da ONU-, seria inaugurado em setembro.
"Agora não sei mais, porque,
depois de liberados, preciso de 30
a 40 dias para montar os equipamentos. Além disso, nem sei o
quanto terei de pagar à Infraero
pela armazenagem", afirmou o
coordenador do laboratório, o físico Carlos Eduardo de Almeida.
Além do detector de radiação,
estão armazenados no galpão da
Infraero (Ilha do Governador, zona norte) vários softwares e aparelhos acessórios.
Segundo ele, com os equipamentos será possível medir e ajustar a radiação que sai dos mamógrafos. Quando ela é mais alta, a
imagem escurece. Quando é mais
baixa, ela fica clara demais.
No Brasil, segundo dados do
Colégio Brasileiro de Radiologia,
cerca de 15% das mamografias
dão falso resultado negativo. O
falso positivo gira em torno de 3%
a 5% -quadro correspondente à
margem de erro adotada internacionalmente.
"Nos dois casos, o diagnóstico
fica prejudicado, e o médico pode
não ver o tumor. A imagem da
mamografia deve ser muito bem
formada para que o profissional
veja a menor das calcificações e
possa tratar o câncer o quanto antes", afirmou Almeida.
No Brasil, há cerca de 3.000 mamógrafos. Almeida estima que
pelo menos 30% deles não estejam ajustados perfeitamente.
"O laboratório é fruto de um estudo preliminar que fizemos no
Rio. Avaliamos quase 30 mamógrafos. Metade deles tinha problemas. Fizemos um projeto, que foi
aprovado e patrocinado pela
Agência Internacional", afirmou.
O físico disse que, no início, o
serviço será oferecido apenas para
hospitais da rede pública do Estado do Rio. "No ano que vem, já
queremos prestar serviços para
clínicas particulares e depois para
todo o Brasil", disse.
Importância do exame
Os dados que mostram a imprecisão dos exames não anulam a
importância da mamografia na
luta contra o câncer.
De acordo com o presidente da
Sociedade Brasileira de Mastologia, Ezio Novais Dias, ela ainda é a
melhor arma para a detecção do
câncer de mama -o tipo da que
mata mais mulheres.
"Hoje, o ultra-som é usado como máquina de apoio. É fundamental que as mulheres com mais de 40 anos façam anualmente o exame", disse ele.
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