São Paulo, sábado, 27 de julho de 2002

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PM do Rio é exonerado após não enviar equipe a morro

MARIO HUGO MONKEN
SABRINA PETRY

DA SUCURSAL DO RIO

O secretário de Segurança Pública do Estado do Rio, Roberto Aguiar, exonerou ontem o tenente-coronel Ipurinan Calixto do cargo de comandante do 6º BPM (Batalhão da Polícia Militar), na Tijuca (zona norte).
Aguiar não comentou os motivos da exoneração. Calixto comandava o batalhão que, na noite de quarta-feira, não enviou uma equipe ao morro dos Macacos (zona norte) para resgatar 11 pessoas que estavam sendo ameaçadas de morte por traficantes. As pessoas foram salvas por policiais civis da Core (Coordenadoria de Recursos Especiais da Polícia Civil) e da 20ª Delegacia de Polícia.
O episódio causou uma crise entre as polícias Civil e Militar. Ao saber da recusa da PM, o delegado-titular da 20ª DP, Herald Spínola, criticou a corporação e disse que o policial "que tem medo de subir morro deveria trabalhar como bancário".
Ao ser questionado sobre a possibilidade de exonerar Spínola, o chefe da Polícia Civil, Zaqueu Teixeira, respondeu: "Ele foi incompetente? Ele deixou de agir? Então por que ele seria punido?".
O relações-públicas da PM, tenente-coronel Luiz Antônio Corso da Costa, afirmou que a exoneração de Calixto foi um procedimento administrativo e nada tem a ver com o episódio.
Anteontem, as autoridades procuraram minimizar o incidente. O subsecretário Operacional de Segurança, Carlos Augusto Lebra, afirmou que houve um erro de interpretação da mensagem da PM. Lebra disse que os policiais pensaram que o pedido era para ocupar o morro e não salvar moradores.
Calixto não foi localizado pela Folha para falar sobre a exoneração.
No final da tarde de ontem, o Bope (Batalhão de Operações Especiais da PM) iniciou uma operação no morro dos Macacos. Até o fechamento desta edição, não havia um balanço da ação.
O delegado da 20ª DP disse ontem que as famílias que foram ameaçadas estão bem e recebem proteção policial. Por segurança, não foi divulgado onde elas estão.
Os moradores vinham sendo ameaçadas porque os chefes das famílias trabalham em uma associação de policiais militares. Em Macacos, os moradores convivem há dois meses com uma disputa do tráfico entre as facções criminosas CV (Comando Vermelho) e TC (Terceiro Comando). A guerra entre as quadrilhas provocou, pelo menos, dez mortes. Com a insegurança, de acordo com a associação local, cerca de 2.000 moradores deixaram a favela.



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