São Paulo, sábado, 27 de julho de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

TRÂNSITO

Legislação prevê alturas distintas para pontes de vias urbanas e de rodovias; prefeitura não tem verba para fazer alterações

Marginais são "arapuca" para caminhões

DA REPORTAGEM LOCAL

As pontes das marginais de São Paulo são uma "arapuca" para caminhões que chegam das estradas, porque a legislação estabelece parâmetros diferentes de altura entre vias urbanas e rodoviárias.
A lei de trânsito estabelece uma altura mínima de 4,4 m para as pontes e viadutos em trechos urbanos e de 5,5 m nas rodovias. "O problema é que as marginais acabam tendo uma função de ligar estradas. Muita gente passa sem querer entrar em trecho urbano. O padrão dessas pontes deveria ser rodoviário", diz Roberto Scaringella, fundador da CET.
A dificuldade se agrava porque a maioria das construções nas marginais foi feita há mais de 30 anos, quando não havia a limitação atual. Segundo o secretário Roberto Luiz Bortolotto (Infra-Estrutura), as pontes estão tendo sua altura elevada conforme surge a necessidade de realizar obras nelas -na Atílio Fontana, a altura passará de 4,6 m para 5,2 m. A ponte Eusébio Matoso também será elevada. "Gostaria de ter verba para todas, mas não tenho."
O presidente da Comissão de Abastecimento e Distribuição do Setcesp (Sindicato das Empresas de Transportes de Carga de São Paulo e Região), Adalberto Panzan Júnior, reconhece a responsabilidade da transportadora e do motorista que desobedeceu a lei, mas avalia que os alertas deveriam ser mais ostensivos para quem passa do limite de altura.
Ele defende uma revisão da medição das pontes. Cada vez que as pistas passam por recapeamento, a distância do asfalto até a ponte é reduzida. A CET diz fazer verificação nos detectores a cada 15 dias.
Além da elevação da altura de pontes e viadutos, especialistas indicam mais medidas para minimizar os riscos de acidentes. Uma é a realização de campanhas educativas com os funcionários de transportadoras. Outra é a mobilização para mudar a lei e imputar uma penalidade mais dura.
"As multas são baixas para os danos que causam", diz Gilberto Lehfeld, ex-presidente da CET.
Panzan Júnior avalia que funcionários da CET que ficam em cabines poderiam ser acionados quando os detectores registram um excesso de altura. Um dos postos fica perto da ponte Eusébio Matoso. Lehfeld, porém, avalia que essa medida traz riscos. "Parar um veículo na marginal é uma atividade muito perigosa para a segurança de trânsito."
A CET tem a intenção de ampliar a restrição aos caminhões no perímetro urbano. Ela prometeu projetos para 2001, que não saíram do papel. A idéia inicial era mudar as regras de abastecimento, sem focar a limitação da altura dos veículos nas marginais.



Texto Anterior: Trânsito: Ponte ficará em reforma por até 180 dias
Próximo Texto: Prejuízos já somam R$ 10 milhões
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.