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Prova avaliou mais as habilidades
DA REPORTAGEM LOCAL
E DO "AGORA"
Um exame mais preocupado
em avaliar as habilidades do estudante em lidar com a informação
do que em quantificar seus níveis
de conhecimento. É a opinião de
professores e alunos ouvidos ontem sobre as 63 questões que fizeram parte do Enem deste ano.
"Quem lê jornal e acompanha
os fatos foi capaz de responder à
maioria das perguntas", disse Manoela Godinho, 24, que faz cursinho e quer ser jornalista.
O tema da redação tratou dos
conflitos entre "desenvolvimento
e preservação ambiental". Boa
parte das questões de química tinha a ver com ambiente. Outras,
de física, tratavam da economia
de energia elétrica. Frações e porcentagens apareciam em temas
atuais como população, crescimento e desemprego.
Avaliação feita por professores
do Objetivo, em que são apontadas algumas incorreções, diz que
o exame atingiu seus objetivos. "A
prova correspondeu à proposta
de testar os candidatos menos em
seu repertório de conhecimentos
e mais em suas competências e
habilidades", escreveram. Entre
essas capacidades destacaram a
"competência de leitura e habilidade de inter-relacionar informações e conceitos".
Professores do Etapa também
destacaram a importância dada à
capacidade de lidar com a informação, o que exige, basicamente,
leitura atenta e raciocínio.
Angelo Pavone, da área de biológicas do Etapa, afirmou que as
perguntas, acompanhadas de gráficos, cobravam do aluno uma capacidade de interpretar e relacionar textos e tabelas.
As perguntas de história também exigiram habilidade para
"interpretar textos e relacionar fatos", disse o professor Rogério Forastieri, da área de humanas. Enquanto no vestibular se requer o
domínio de certos conteúdos, o
Enem exigiu "maior capacidade
de relacionar vocabulário e estabelecer nexos", disse Forastieri.
Um desafio numa época em que a
cultura do visual -TV e internet- está muito mais presente.
"O exame exigiu menos fórmulas decoradas e mais relação conceitual", disse Élio Mega, de exatas. Para ele, algumas questões
poderiam ser respondidas por
alunos da 5ª à 8ª série.
Muitos alunos não acharam tão
fácil assim. "Não entendi nada
dos baratos de literatura e o poema de Shakespeare", disse Leonardo Antonio Duarte, 18. "Para
mim, tinha gráfico demais, foi
cansativo", declarou Luana de
Oliveira Cavallaro, 17.
De acordo com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais (Inep), que organiza a prova, foram atendidos 672
pedidos especiais de alunos com
algum tipo de deficiência.
A estudante Rosângela Santana,
31, deficiente visual, disse que encaminhou o pedido e não foi atendida. Ontem, ao chegar ao local
do exame, não encontrou a prova
em braile nem um ledor para que
pudesse fazer o exame. "Eu
preenchi o formulário", afirmou.
A assessoria do Inep disse que o
nome de Rosângela não estava
entre os 672, o que significaria que
ela não teria feito o pedido.
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