São Paulo, segunda-feira, 27 de agosto de 2001

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Prova avaliou mais as habilidades

DA REPORTAGEM LOCAL

E DO "AGORA"

Um exame mais preocupado em avaliar as habilidades do estudante em lidar com a informação do que em quantificar seus níveis de conhecimento. É a opinião de professores e alunos ouvidos ontem sobre as 63 questões que fizeram parte do Enem deste ano.
"Quem lê jornal e acompanha os fatos foi capaz de responder à maioria das perguntas", disse Manoela Godinho, 24, que faz cursinho e quer ser jornalista.
O tema da redação tratou dos conflitos entre "desenvolvimento e preservação ambiental". Boa parte das questões de química tinha a ver com ambiente. Outras, de física, tratavam da economia de energia elétrica. Frações e porcentagens apareciam em temas atuais como população, crescimento e desemprego.
Avaliação feita por professores do Objetivo, em que são apontadas algumas incorreções, diz que o exame atingiu seus objetivos. "A prova correspondeu à proposta de testar os candidatos menos em seu repertório de conhecimentos e mais em suas competências e habilidades", escreveram. Entre essas capacidades destacaram a "competência de leitura e habilidade de inter-relacionar informações e conceitos".
Professores do Etapa também destacaram a importância dada à capacidade de lidar com a informação, o que exige, basicamente, leitura atenta e raciocínio.
Angelo Pavone, da área de biológicas do Etapa, afirmou que as perguntas, acompanhadas de gráficos, cobravam do aluno uma capacidade de interpretar e relacionar textos e tabelas.
As perguntas de história também exigiram habilidade para "interpretar textos e relacionar fatos", disse o professor Rogério Forastieri, da área de humanas. Enquanto no vestibular se requer o domínio de certos conteúdos, o Enem exigiu "maior capacidade de relacionar vocabulário e estabelecer nexos", disse Forastieri. Um desafio numa época em que a cultura do visual -TV e internet- está muito mais presente.
"O exame exigiu menos fórmulas decoradas e mais relação conceitual", disse Élio Mega, de exatas. Para ele, algumas questões poderiam ser respondidas por alunos da 5ª à 8ª série.
Muitos alunos não acharam tão fácil assim. "Não entendi nada dos baratos de literatura e o poema de Shakespeare", disse Leonardo Antonio Duarte, 18. "Para mim, tinha gráfico demais, foi cansativo", declarou Luana de Oliveira Cavallaro, 17.
De acordo com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), que organiza a prova, foram atendidos 672 pedidos especiais de alunos com algum tipo de deficiência.
A estudante Rosângela Santana, 31, deficiente visual, disse que encaminhou o pedido e não foi atendida. Ontem, ao chegar ao local do exame, não encontrou a prova em braile nem um ledor para que pudesse fazer o exame. "Eu preenchi o formulário", afirmou. A assessoria do Inep disse que o nome de Rosângela não estava entre os 672, o que significaria que ela não teria feito o pedido.



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