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CRISE
Para empresários, motoristas e perueiros, parte da culpa por problemas é da incoerência da prefeitura
"Remendos" tumultuam transportes
da Reportagem Local
Não é só a falta de
dinheiro que atrapalha e tumultua o
transporte coletivo
da cidade. Na opinião de empresários, motoristas de ônibus e perueiros, que passaram a última semana brigando por projetos que
os beneficiavam ou prejudicavam, parte da culpa pelos transtornos é da falta de coerência da
Prefeitura de São Paulo no trato
do transporte coletivo da cidade.
Segundo os personagens dessa
discussão, o descumprimento de
acordos ou mudança de posição
da prefeitura em relação ao setor
foram os estopins de algumas paralisações de trabalhadores.
Os acontecimentos deste ano no
setor dão algum respaldo a essa
opinião. Pelo menos três paralisações de trabalhadores tiveram como motivo não a falta de pagamento, ou de vale-refeição, mas
protestos contra medidas anunciadas que nunca foram adotadas.
E a prefeitura já voltou atrás ou
descumpriu o que prometera em
pelo menos cinco ocasiões.
A última delas ocorreu em junho, na assinatura do aditivo com
as empresas de ônibus que estabelecia um prazo para o pagamento da dívida da prefeitura
com o setor, responsável por atrasos nos salários e seguidas greves.
Menos de um dia depois de ver
aceito o acordo que ela mesma
propôs, a prefeitura recuou, alegando que não tinha dinheiro para honrar o acordo.
De lá para cá, houve ao menos
três grandes protestos de trabalhadores pressionando por salários atrasados em decorrência da
não-quitação da dívida.
O vai-e-vem da prefeitura também atingiu os perueiros. No início do ano, a prefeitura dava mostras de querer acabar com a categoria. Em 12 de janeiro, lançou o
vale-lotação, R$ 0,25 mais caro
que o vale-transporte e que, por
isso, dificilmente seria aceito pelos empregadores. Os perueiros
ameaçaram se rebelar e, um dia
depois, a prefeitura voltou atrás.
Em maio, porém, Pitta mudou
de postura. Após obter apoio dos
perueiros, que foram à Câmara
manifestar-se contra seu impeachment, passou a declarar
apoio à legalização do setor.
Naquele mesmo mês, porém,
vetou projeto aprovado pela Câmara que garantia os perueiros.
Até hoje, não fez aprovar nenhuma lei nesse sentido.
"Não dá para entender por que,
se o prefeito é a favor, ainda não
legalizou nossa categoria", diz o
presidente do Sindicato dos Perueiros de São Paulo, José Célio
dos Santos. "Essa forma de governar por remendos é assustadora",
disse Antonio Sampaio, diretor
jurídico do Transurb (sindicato
das empresas de ônibus).
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