São Paulo, Sexta-feira, 27 de Agosto de 1999
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Crise e descompasso de propostas já causaram oito protestos

da Reportagem Local

A crise financeira e o descompasso das propostas da prefeitura já foram responsáveis por pelo menos oito protestos de trabalhadores do setor de transporte na cidade de São Paulo.
O último protesto ocorreu nesta semana, envolvendo motoristas e cobradores de ônibus, que queriam a aprovação de lei que garante o emprego de cobradores, e perueiros, que brigam pela legalização da categoria.
Mas não foi nem o único do mês. No dia 6 de agosto, cerca de 1.000 motoristas de ônibus depredaram a Secretaria dos Transportes e chegaram a ferir assessores do secretário municipal, Getúlio Hanashiro.
O motivo não foi falta de pagamento nem demissões, mas um protesto para que a prefeitura combatesse os perueiros, vistos como concorrentes dos ônibus.
O mesmo ocorreu em 1º de junho. Cerca de 54 mil passageiros ficaram sem transporte por causa de um protesto.
O motivo: os manifestantes, resultantes de uma união de motoristas de ônibus, empresários do setor e taxistas, protestavam contra a intenção anunciada pelo prefeito de sancionar a lei que legalizava cerca de 4.100 perueiros e reduzia a frota de ônibus.
Nenhuma das duas intenções anunciadas foi concretizada até hoje, porque o prefeito, depois da manifestação, voltou atrás de sua posição.
Abril foi cenário de transtornos semelhantes.
Nos dias 6 e 7 daquele mês, cerca de 3 milhões de passageiros acabaram prejudicados por um protesto que causou 116 km de congestionamento de manhã.
Nas reivindicações, havia um fundo de cunho financeiro, que era o pagamento igual, por todas as empresas, de R$ 200 a título de participação nos lucros. Mas as intenções da prefeitura também alimentaram o protesto: os manifestantes queriam a manutenção do emprego do cobrador nos ônibus com catraca, garantia ameaçada em discursos por Pitta.
Houve diversas ocasiões em que a razão da revolta foi mesmo o atraso no pagamento de salários. Foi o motivo mais frequente.
Em 19 e 20 de julho, 2.000 ônibus pararam e deixaram 700 mil passageiros sem transporte. Houve violência, ônibus depredados e incendiados, e um trânsito (recorde até então) com 106 km congestionados.
A razão foi financeira: faltou vale-refeição e o adiantamento salarial não foi pago em dia.
As empresas alegaram que não pagaram porque não haviam recebido da prefeitura.
Já havia acontecido o mesmo dois dias antes, com efeitos mais brandos. Cerca de 32% dos motoristas de ônibus da cidade pararam por falta de vale-refeição, e 58 mil passageiros ficaram sem transporte.
A SPTrans ameaçou acionar empresas e motoristas por perdas e danos na Justiça.
Segundo o Transurb, sindicato das empresas de ônibus, os atrasos da prefeitura no pagamento do repasse para o transporte vêm desde setembro do ano passado.
Em janeiro, já havia registros de problemas. Nos dias 20 a 27 de janeiro deste ano, motoristas e cobradores da Masterbus foram até a prefeitura, com 70 ônibus. Queriam o salário atrasado.


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