São Paulo, Sexta-feira, 27 de Agosto de 1999
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Hanashiro culpa falta de dinheiro

MALU GASPAR
da Reportagem Local

O secretário municipal dos Transportes, Getúlio Hanashiro, põe a culpa da não-implantação de uma política de transportes em São Paulo na crise financeira que a prefeitura enfrenta.
Com a falta de recursos, diz, a prefeitura é obrigada a agir por meio de "medidas paliativas", como a instalação de faixas exclusivas de ônibus.
Hanashiro negou que, com os últimos projetos enviados à Câmara, esteja apenas "tapando buracos" para conter pressões de perueiros e motoristas. Ele afirma que a prefeitura já estava tentando regulamentar as lotações antes da crise atual dos transportes.
O caso da redução da frota é exemplar da situação pela qual a prefeitura passa hoje. A proposta já havia sido feita no início do ano. Devido às pressões dos empresários, deu lugar a um acordo pelo qual a prefeitura reduziria o subsídio até ele chegar a zero. Como o acordo não saiu do papel, a prefeitura voltou atrás e, no início da semana, já defendia a redução da frota.
Para o secretário, o maior responsável pela crise no sistema paulistano de transportes, além da falta de dinheiro, é o modelo de remuneração das empresas de ônibus, criado na gestão de Luiza Erundina e mantido por Paulo Maluf e Celso Pitta. Pelo modelo, as empresas recebem remuneração fixa, baseada num cálculo que privilegia a quantidade de quilômetros rodados.
Hanashiro diz que quer acabar com esse modelo e que a prefeitura é a favor do sistema tarifado, em que a única fonte de recursos das empresas é a tarifa. No entanto, afirma que só pode modificar completamente o modelo a partir de janeiro (quando acabam os atuais contratos de concessão), ou com a aprovação da lei que regulamenta as lotações.
Apesar de se dizer contra esse tipo de transporte -"eles são como os camelôs, ou os CDs piratas, foram criados pela recessão"- Hanashiro afirma que não há forma de lidar com as lotações sem regulamentá-las.
Enquanto isso, diz que pretende manter o subsídio a 0%, ainda que não saiba explicar como vai resistir à pressão das empresas e às greves -desde o início da gestão Pitta, já foram 72 paralisações.



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