São Paulo, Sexta-feira, 27 de Agosto de 1999
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Condenado a 6 anos réu de Vigário Geral

da Sucursal do Rio

O ex-policial militar, Roberto Cézar do Amaral Jr. foi condenado a seis anos de prisão em regime semi-aberto, no início da madrugada de ontem, no 2º Tribunal do Júri do Rio de Janeiro, pela morte de uma das vítimas da chacina de Vigário Geral, ocorrida na madrugada do dia 30 de agosto de 1993. Ele foi o terceiro condenado pelo massacre até hoje.
Como a sentença foi de seis anos de reclusão e o réu já está preso há cinco anos, 11 meses e 11 dias, faltando apenas 19 dias para cumprir toda a pena, o juiz José Geraldo Antônio, presidente do 2º Tribunal, concedeu a ele o direito de recorrer em liberdade.
O alvará de soltura foi expedido ontem mesmo e o condenado deixou o tribunal em liberdade.
Na ocasião, um grupo de 50 homens fortemente armados e encapuzados invadiu a favela e atirou contra os moradores, matando 21 pessoas e ferindo outras quatro.
No julgamento, que começou na terça-feira e durou 36 horas, o ex-policial militar, 14º réu a ser julgado pelo 2º Tribunal, foi absolvido da acusação de homicídio dos outros 20 moradores, e de tentativa de assassinato contra quatro pessoas.
Durante o primeiro dia de julgamento, a sessão chegou a ser interrompida a pedido da defesa, que alegou não ter conhecimento de fitas de vídeo citadas pelo Ministério Público. As fitas reproduziam reportagens feitas na época. O juiz também exibiu slides, mostrando as vítimas e os ferimentos provocados pelas balas.
O promotor Júlio César Lima disse que vai recorrer contra a sentença que condenou o ex-policial apenas pela morte de José dos Santos, uma das vítimas do massacre. Ele quer a condenação por todos os assassinatos e tentativas de homicídio.
Os defensores públicos Darci Burlardi Cardoso e Nilsomaro de Souza Rodrigues disseram que vão conversar com o condenado para saber se ele quer entrar com recurso contra a condenação.
Amaral Jr., que chorou durante o julgamento, afirmou o tempo todo que era inocente das acusações. Ele contou que estava dormindo na casa da mãe na madrugada da chacina.
Testemunhas de acusação, entretanto, afirmaram que ele participou da reunião em que policiais planejaram o massacre, e que ele teve participação ativa nos assassinatos. Até agora, dos outros 32 acusados da chacina de Vigário Geral, dois morreram antes de ser julgados, dois foram condenados, 11 absolvidos e 17 aguardam julgamento.


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