São Paulo, Sexta-feira, 27 de Agosto de 1999
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Nova técnica trata tumor cerebral

LÉO GERCHMANN
da Agência Folha, em Porto Alegre

Os neurologistas brasileiros vão conhecer na primeira semana de setembro, em Gramado (RS), o que há de mais avançado no mundo em termos de tratamento de tumores no cérebro.
A neuronavegação, pouco conhecida no Brasil, será apresentada pelo médico neurologista alemão Rudolph Fahlbusch no 8º Congresso da ABNC (Academia Brasileira de Neurocirurgia), que ocorrerá entre 1º e 7 de setembro.
Pela neuronavegação é possível localizar um tumor cerebral e tratá-lo de forma isolada. Uma das vantagens é a diminuição do impacto da terapia contra o câncer no organismo, em uma das formas mais perigosas de tumor.
De acordo com o presidente da ABNC, Ápio Antunes, a segurança com que o tumor é detectado por meio desse método pode diminuir a necessidade de quimioterapia em 20% dos casos em que é necessária a aplicação desse tratamento.
O método, utilizado há quatro anos na Europa e nos Estados Unidos, depende do manuseio de um aparelho que, segundo Antunes, custa cerca de US$ 300 mil.
Em um exame comum de tumor cerebral, os médicos têm de fazer uma "janela" (corte) de cinco centímetros por cinco centímetros para identificar o local onde está a lesão.
Pela neuronavegação, os médicos fazem primeiro uma ressonância magnética do cérebro, que permite uma espécie de mapeamento do cérebro. Sobre a ressonância, é utilizado um apontador, um aparelho semelhante a uma broca de dentista acoplado a um computador.
O computador, por sua vez, é ligado a um monitor de televisão que auxilia os médicos.
O apontador, colocado sobre a ressonância na tela, localiza o ponto exato onde está o tumor e onde deve ser feita a janela. Ou seja, com a janela, há uma certeza de que a lesão será indicada no local correto. O tamanho da janela será equivalente ao tamanho do tumor.
Se a lesão não aparecer com esse rastreamento superficial, o aparelho tem um segundo recurso, em relação à profundidade: pode alcançar quantos milímetros forem necessários, caso o tumor esteja no interior do crânio.
Além de Fahlbusch, estarão no evento em Gramado convidados norte-americanos, europeus e asiáticos.
Haverá, paralelamente ao congresso, o curso de educação continuada em neurocirurgia.
Serão discutidos também novos sistemas para tratamento de isquemia (com a utilização de cateter no lugar da cirurgia) e a possibilidade de se realizar cirurgias para tratar o mal de Parkinson e a epilepsia.



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