|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Demógrafa critica controle de natalidade
DO ENVIADO A CAXAMBU
A panamenha Carmem Miró,
85, uma das mais importantes demógrafas da América Latina, se
mostrou surpresa ao saber que,
no Brasil, o tema do controle da
natalidade tinha voltado à tona.
Ela foi homenageada no 14º Encontro Nacional da Associação
Brasileira de Estudos Populacionais, na semana passada, em Caxambu (MG).
Para a demógrafa, um governo
que ainda discute esse tema está
"atrasado", e é "ainda pior" que
esse assunto tenha sido levantado
por um integrante do governo
Lula, porque "se supõe que, como
esquerdista, ele respeite mais os
direitos humanos".
Em janeiro, a secretária de Políticas para Mulheres do governo
federal, Emília Fernandes, defendeu que o governo incluísse o planejamento familiar entre as contrapartidas do Bolsa Família.
Miró presidiu o Centro Latino-Americano de Demografia e, em
1991, recebeu o Prêmio Mundial
de População da ONU.
(AG)
Folha - No Brasil, voltou-se a discutir o controle da natalidade. Como a senhora viu isso?
Carmem Miró - Um governo que
ainda discute isso está atrasado. O
que é preciso é atender as mulheres no sistema de saúde pública.
Ela já não querem ter tantos filhos, e a lei não tem que se meter
na vida privada de ninguém. É
pior que isso esteja sendo discutido no governo Lula porque ele é
esquerdista, e se supõe que respeite mais os direitos humanos.
Folha - Em todos os países ricos, a
média de filhos por mulher é menor do que dois. Esse não seria um
indicador de riqueza?
Miró - Os países europeus estão
tendo um grave problema com
essa taxa, porque não têm força
de trabalho suficiente e precisam
importar trabalhadores. Eles têm
ainda alta porcentagem de idosos,
o que causa um peso muito grande sobre a economia. Os que acreditam que tendo menos filhos estarão melhor estão equivocados.
Folha - A América Latina não estaria menos pobre se a população
tivesse crescido menos?
Miró - Esse foi um evangelho que
os norte-americanos distribuíram
na América Latina. Diziam que
era o crescimento populacional
que impedia que a América Latina se desenvolvesse. No entanto,
as taxas de natalidade diminuíram, mas a desigualdade persiste.
Texto Anterior: Garota engravida para sair de casa Próximo Texto: Falta de diálogo pode ser causa do aumento Índice
|