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ACIMA DA LEI
Veículos das Polícias Civil e Militar de São Paulo têm problemas de identificação; Ouvidoria vai investigar caso
Placa ilegível dificulta identificar policial
DO "AGORA"
Veículos usados pelas Polícias
Militar e Civil de São Paulo foram
flagrados pela reportagem com
problemas de identificação em
suas placas. Alguns não têm uma
ou duas delas, ou, ainda, tiveram
alguma das letras ou algarismos
apagados. A Ouvidoria da Polícia
irá investigar o caso.
Durante três dias, a reportagem
percorreu as ruas da capital paulista e constatou que, a cada cinco
carros das polícias verificados, pelo menos um, principalmente os
das delegacias especializadas e os
que circulam pela periferia, têm
problemas em suas placas.
Os defeitos nas placas dos carros das polícias são os mais variados. Há desde placas que são dobradas, de maneira que letras ou
números desapareçam, até pichações com tinta preta ou branca.
De tão ilegíveis, muitas das placas, que devem ser brancas no
fundo e com letras pretas, pelos
padrões do artigo 115 do CNT
(Código Nacional de Trânsito),
não podem ser lidas nem a um
metro de distância.
Isso torna a identificação dos
carros oficiais em abusos ou infrações de trânsito quase que impossíveis. Até mesmo veículos
descaracterizados, sem as pinturas estilizadas da PM ou da Polícia
Civil, usados em serviços reservados, têm suas placas apagadas.
O delegado divisionário do Detran (Departamento Estadual de
Trânsito), Emílio Martines Abril
Lopes, especialista no CNT, disse
que todos os veículos das polícias
com problemas em suas placas
deveriam ser multados.
"É uma infração, esses carros
estão em desacordo com as especificações. Se pegos, esses veículos
são multados. E os policiais que os
conduzem são responsabilizados", disse Lopes. A Secretaria da
Segurança Pública não informou
quanto gasta com o pagamento
de multas de trânsito por ano.
O motorista flagrado com seu
veículo sem uma ou sem as duas
placas pode ser multado em R$
191, 54, além de ser punido com
sete pontos na sua carteira de habilitação, pois essa é considerada
uma infração gravíssima.
Ouvidoria
"Qual é a intenção de quem retira a placa de uma viatura? A ausência de identificação, no mínimo, leva a suspeitar que se quer
esconder alguma coisa", afirma o
ouvidor da polícia no Estado, Itajiba Farias Ferreira Cravo.
Segundo o ouvidor, várias denúncias -que, depois, são investigadas pela Ouvidoria- são prejudicadas por problemas na identificação dos veículos usados por
policiais civis ou militares na hora
em que cometeram crimes ou
qualquer arbitrariedade. Ele disse
que irá investigar o caso.
(ANDRÉ CARAMANTE)
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