São Paulo, terça-feira, 27 de setembro de 2005

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TRÂNSITO

Tecnologia permite pedágio urbano eletrônico, mas governo diz que intenção é saber tempo gasto em percurso

Gestão Serra testa chip que monitora veículo

ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL

O governo José Serra (PSDB) firmou uma parceria para a instalação de equipamentos que permitem a identificação e localização automática de veículos que circulam no quadrilátero das avenidas Rebouças, Nove de Julho, Paulista e marginal Pinheiros.
Trata-se de um sistema de radiofreqüência que prevê a colocação de antenas nessas vias e a instalação de etiquetas eletrônicas com chips em alguns automóveis e ônibus, cuja circulação nessa região passará a ser monitorada, sendo possível saber onde eles estão e seus tempos de percurso.
A empresa CCBR - Catel Construções do Brasil fará os testes por seis meses em até 500 veículos inicialmente, sem ônus para a prefeitura. Ela já participa da cobrança eletrônica de pedágio, conhecida como Sem Parar, nas estradas, por meio de etiquetas instaladas no pára-brisa dos veículos.
A tecnologia que será avaliada é a mesma que sempre foi apontada como uma das principais alternativas para a implantação de pedágios urbanos eletrônicos, forma de restrição veicular que prevê a taxação do uso do automóvel.
A escolha de um quadrilátero da cidade de São Paulo conhecido por seus congestionamentos para os primeiros testes reforçou essa suspeita dentro da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), mas essa intenção é negada com veemência pelo governo tucano.
A administração Serra diz que a implantação do projeto piloto de radiofreqüência visa estudar ferramentas de gerenciamento do trânsito e do transporte público.
A assessoria de imprensa da Secretaria Municipal dos Transportes cita como exemplo a possibilidade de saber os tempos de deslocamento dos veículos monitorados, informação que, no futuro, poderia ser disponibilizada a todos os motoristas em tempo real.
Nos ônibus, a nova tecnologia poderia ajudar ainda a apontar sua localização, inclusive como forma de controle dos itinerários.
Técnicos municipais avaliam que, mesmo que a gestão Serra não tenha a intenção de adotar algum tipo de pedágio urbano no centro, a existência do sistema ao menos facilita a adoção de medidas semelhantes no futuro.
O atual presidente da CET, Roberto Scaringella, é defensor desde os anos 90 da implantação de pedágio urbano eletrônico nas principais vias da capital. No governo Serra, porém, diz que a proposta é descartada pelo prefeito.
A gestão tucana só admite estudos para construir novas pistas nas marginais, nas quais poderia haver uma cobrança localizada. Entre os lugares que já adotaram medidas de pedágio urbano para restringir os automóveis estão as cidades de Singapura e Londres.
O governo Lula começou a preparar uma legislação para dar respaldo aos municípios que queiram adotar propostas desse tipo. O plano do Ministério das Cidades fixará diretrizes da política de mobilidade nas quais recomenda às prefeituras a adoção de diversos instrumentos de racionalização do espaço viário, incluindo a taxação pelo uso dos carros.
O sistema que será testado pela Prefeitura de São Paulo é mais uma das tecnologias no trânsito adotadas em 2005. A principal novidade do ano foi a adoção de câmeras que fazem a leitura automática de placas, como maneira de flagrar infratores burlando as regras do rodízio de veículos.
A CET também reativou ontem mais 20 câmeras de fiscalização para multar quem ultrapassa no semáforo vermelho. No final de agosto, outras 20 tinham sido religadas. Dentro de um mês haverá mais 17 aparelhos, totalizando 57.


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