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IPTU 2002
Este ano, setor respondeu por 41,54% de tudo o que rendeu o imposto; em 2002, arcará com 57,58%, R$ 410 milhões a mais
Arrecadação sobre o comércio crescerá 69%
DA REPORTAGEM LOCAL
Se a proposta da Prefeitura de
São Paulo para o IPTU de 2002 for
aprovada pela Câmara Municipal,
os imóveis não-residenciais -comércio, indústria e terrenos-
pagarão no ano que vem um total
de R$ 1,004 bilhão em imposto.
O montante representa um aumento de 69% sobre o que eles
pagaram este ano -R$ 593,689
milhões (veja quadro ao lado). É o
oposto do que acontecerá com as
residências. Juntas, elas pagarão
no ano que vem 11% a menos do
que arrecadaram este ano.
Entre perdas em um setor e ganhos em outro, a mudança que o
governo propõe para o IPTU renderá um aumento de arrecadação
de 22% aos cofres públicos.
A prefeitura sustenta que a pressão tributária sobre o comércio e a
indústria visa apenas recompor
um cenário histórico, que foi invertido a partir de 1999.
"Até 1998 -último ano em que
o IPTU vigorou com uma alíquota de 0,6% mais taxas-, esses
imóveis [não-residenciais" respondiam pela maior parte da arrecadação", diz Fábio Bertarelli,
diretor do Departamento de Rendas Imobiliárias. "As taxas, no entanto, equivaliam a dois terços do
total cobrado no carnê. Como foram extintas, o acréscimo que a
mudança da alíquota [de 0,6% para 1%" representou incidiu apenas sobre um terço do que esses
imóveis pagavam. Portanto eles
foram beneficiados. Estamos tentando recuperar o modelo."
Planta e progressividade
Os argumentos da prefeitura
não convencem as entidades dos
setores atingidos. Elas querem limitar o aumento do IPTU a um
reajuste de 10% na Planta Genérica de Valores (leia abaixo), sem
mudança na alíquota do imposto.
A mudança da alíquota é a primeira parte da proposta do governo. Pelo projeto, ela deixa de ser
de 1% para todo mundo e passa a
haver alíquotas progressivas que
vão de 0,8% a 1,6% para residências e de 1,2% a 1,8% para os demais imóveis da cidade.
A revisão da planta é a segunda
parte da proposta do governo. O
objetivo é fazer com que os valores venais (previstos na planta)
passem a ser de 65% a 75% do
preço de mercado dos imóveis.
O valor venal de cada construção é a soma do valor venal do terreno com o da área construída.
Na proposta, o reajuste do metro quadrado da área construída
variou de 0% (para imóveis residenciais de melhor padrão) a 62%
(imóveis comerciais de menor padrão). O do metro quadrado do
terreno foi de 10% de redução
(áreas centrais) a 90% de aumento (periferia). Os acréscimos, diz a
prefeitura, foram limitados. Se seguissem o mercado, chegariam a
123% e 200%, respectivamente,
para construção e terreno.
Como os reajustes de 62% e
90% nos componentes da planta
aumentavam em até 300% o imposto de alguns imóveis, a prefeitura acabou propondo, para o primeiro ano de vigência do novo
formato de imposto, tetos de reajuste de 60% (residências) e 80%
(outros tipos de imóveis).
Os freios e as isenções
A fixação de índices máximos
para o aumento do imposto -hipótese que foi sugerida à prefeitura por técnicos do próprio PT durante a elaboração dos estudos do
IPTU- limitou o reajuste para
134.221 imóveis da cidade -a
maioria comerciais e industriais
(veja quadro). Eles representam
14,22% do total de contribuintes
pagantes da cidade.
Isso significa dizer que, sem os
freios, 81.679 imóveis do comércio ou da indústria e 36.275 terrenos teriam o imposto aumentado
em mais de 80%. No caso das residências, 16.267 teriam reajuste
maior do que 60% se não tivessem sido propostos os tetos.
Os aumentos extremos eram
um dos alvos das críticas da oposição e de entidades da sociedade
civil. O outro são as isenções.
Como a limitação do aumento
levará a prefeitura a perder parte
da arrecadação inicialmente prevista com a reforma do IPTU, o
governo planeja cobrar da massa
de novos isentos o que eles devem
de impostos atrasados.
Pelas projeções da administração, do 1,641 bilhão de isentos, 267
mil têm dívidas de IPTU. Elas somam R$ 209 milhões -valor que
supera os R$ 150 milhões engolidos pelos tetos de aumento.
A idéia do governo, de forma
genérica, é fazer um parcelamento das dívidas, oferecendo descontos, para tentar receber pelo
menos parte desse dinheiro em
2002.
(SÍLVIA CORRÊA)
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