São Paulo, sábado, 27 de outubro de 2001

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Casal infértil pode ser prejudicado por projeto

CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL

Médicos de três associações da área de medicina reprodutiva e ginecologia, que representam 20 mil especialistas no Brasil, afirmam que as possibilidades de gravidez de um casal infértil deverão cair se o projeto substitutivo do senador Tião Vianna (PT-AC) for aprovado.
O texto prevê a redução do número de embriões produzidos e implantados nas tentativas de fertilização "in vitro" e a quebra do anonimato nas doações de sêmen e óvulos, entre outras coisas.
O projeto de Vianna foi aprovado nesta semana na Comissão de Constituição e Justiça e deve ser discutido em plenário.
Os médicos enviaram documento ao senador em que se dizem contrários a essas questões.
Hoje, os médicos seguem uma resolução do CFM (Conselho Federal de Medicina) que limita em quatro o número de embriões transferidos, mas não restringe a produção.
O projeto aprovado diz que apenas dois embriões podem ser produzidos e transferidos para o útero. Para os médicos, o projeto não leva em conta as dificuldades técnicas que existem para se conseguir embriões "saudáveis".
Segundo Edson Borges Júnior, presidente da SBRA (Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida), para conseguir dois embriões viáveis, ou seja, com chance de serem fixados no útero, os médicos precisam de pelo menos oito óvulos.
"Se a gente tiver que partir de dois para fazer essa seleção, de 30% a 50% dos casais não terão embrião para transferir", afirma Borges Júnior. Para cada embrião implantado, a taxa média de gravidez é 15%. As mulheres acima de 40 anos têm menos chances.
A quebra do anonimato nas doações de sêmen e óvulos é outro ponto polêmico. "Quem vai querer saber de doar óvulo ou esperma com possibilidade de, no futuro, ter um filho batendo na porta", diz o ginecologista José Gonçalves Franco Júnior.


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