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INFÂNCIA
Carência superlota Febem
Só 44% das cidades têm liberdade assistida
MARIANA VIVEIROS
DA REPORTAGEM LOCAL
Das 645 cidades paulistas, apenas 285 (44%) oferecem programas de liberdade assistida para
menores infratores.
O dado mostra a dificuldade de
"municipalizar" o ECA (Estatuto
da Criança e do Adolescente); a
carência contribui para a superlotação das unidades da Febem
(Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor) em São Paulo.
Segundo o presidente da instituição, Saulo de Castro Abreu Filho, a falta de alternativa impede
que cerca de 2.000 menores deixem o regime fechado. Isso é 40%
do total de internos no Estado.
A afirmação tem base em avaliações de técnicos da fundação,
que acompanham os menores, e
não representa o número de laudos de liberação que esperam
apreciação da Justiça (408 ao todo, também segundo a Febem).
Embora na prática não seja
isento de críticas, o direito de
cumprir a medida socioeducativa
ou parte dela em liberdade é defendido por especialistas, entidades de direitos humanos, juízes e
promotores como uma alternativa progressista, que ressocializa o
menor e faz contraponto ao sistema das unidades fechadas.
Além de ser uma medida para
crimes menos graves (onde não
tenha havido, por exemplo, dano
contra a pessoa), a liberdade assistida funciona como uma "condicional", quando o interno tem
bom comportamento.
Ele sai e é acompanhado por um
orientador, a quem cabe, se necessário, cadastrar o menor e sua
família em programas de auxílio e
assistência social; matricular o
menor e supervisionar sua frequência e aproveitamento escolar; e ajudar na profissionalização
do adolescente.
Entre os problemas para colocar em prática esse tipo de programa estão o fato de a maioria
das cidades não "assumir suas
responsabilidades perante o
ECA", como diz o governador Geraldo Alckmin (PSDB), e a dificuldade em achar orientadores capacitados (em média há 50 menores
para cada orientador no Estado).
As prefeituras dizem que faltam
recursos. "A responsabilidade é
concorrente. Se o município não
pode, o Estado tem de ajudar", diz
o promotor da Infância e Juventude Ebenézer Soares.
"As cidades devem procurar a
ajuda da igreja e de ONGs", retruca Abreu Filho, para quem essa é a
solução também para aumentar o
número de orientadores.
Programas de liberdade assistida e municipalização da Febem
foram temas do encontro "Tempos de Esperança", que ocorreu
ontem e integra a 1ª Semana de
Solidariedade.
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