São Paulo, quinta-feira, 27 de outubro de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

"A gente nunca acha que um filho vai ser vítima"

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO

Os tiroteios são tão freqüentes no morro Baixa do Sapateiro, no complexo de favelas da Maré, que fazem parte da rotina dos moradores. "Mas a gente nunca acha que um filho vai ser vítima", disse a mãe de um dos feridos ontem em frente ao Ciep Operário Vicente Mariano. Os moradores pediram que fossem identificados.
O menino franzino, deitado na cama do hospital, parecia não acreditar no que tinha acontecido. No início da manhã, enquanto esperava a hora de entrar, foi baleado.
O garoto freqüenta a 6ª série do ensino fundamental e é morador da Vila dos Pinheiros, no mesmo complexo. Falando pouco e baixo, contou o que aconteceu.
Às 7h10, como de costume, ele esperava com amigos, em frente à escola, a hora de sua turma ser chamada para entrar para a aula. Havia ali pelo menos cinco turmas. "Tinha muita criança pequena também. Na escola, entram primeiro as turmas dos pequenos, depois entra a gente."
"Vi dois caras parados, um louro e outro mais escuro, na porta da escola. Depois, chegou um outro em uma moto e começou a atirar na direção deles. O louro tirou a arma da cintura e atirou de volta."
O pânico se instalou. Dezenas de crianças tentaram entrar na escola. "Corri também, mas não dava para entrar todo mundo junto pelo portão", afirmou o garoto.
Segundos depois, foi atingido. "Senti uma dormência na perna e começou a arder. Não consegui mais levantar. Um amigo me carregou para dentro da escola." O pai de uma aluna levou o menino e mais três feridos para o Hospital Geral de Bonsucesso.
(TALITA FIGUEIREDO)


Texto Anterior: Guerra sem trincheira: Balas perdidas ferem alunos diante de escola
Próximo Texto: Violência: Argentino é baleado por ladrão no Guarujá
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.