|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
"A gente nunca acha que um filho vai ser vítima"
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO
Os tiroteios são tão freqüentes no morro Baixa do Sapateiro, no complexo de favelas da
Maré, que fazem parte da rotina dos moradores. "Mas a gente nunca acha que um filho vai
ser vítima", disse a mãe de um
dos feridos ontem em frente ao
Ciep Operário Vicente Mariano. Os moradores pediram que
fossem identificados.
O menino franzino, deitado
na cama do hospital, parecia
não acreditar no que tinha
acontecido. No início da manhã, enquanto esperava a hora
de entrar, foi baleado.
O garoto freqüenta a 6ª série
do ensino fundamental e é morador da Vila dos Pinheiros, no
mesmo complexo. Falando
pouco e baixo, contou o que
aconteceu.
Às 7h10, como de costume,
ele esperava com amigos, em
frente à escola, a hora de sua
turma ser chamada para entrar
para a aula. Havia ali pelo menos cinco turmas. "Tinha muita criança pequena também.
Na escola, entram primeiro as
turmas dos pequenos, depois
entra a gente."
"Vi dois caras parados, um
louro e outro mais escuro, na
porta da escola. Depois, chegou
um outro em uma moto e começou a atirar na direção deles.
O louro tirou a arma da cintura
e atirou de volta."
O pânico se instalou. Dezenas
de crianças tentaram entrar na
escola. "Corri também, mas
não dava para entrar todo
mundo junto pelo portão",
afirmou o garoto.
Segundos depois, foi atingido. "Senti uma dormência na
perna e começou a arder. Não
consegui mais levantar. Um
amigo me carregou para dentro da escola." O pai de uma
aluna levou o menino e mais
três feridos para o Hospital Geral de Bonsucesso.
(TALITA FIGUEIREDO)
Texto Anterior: Guerra sem trincheira: Balas perdidas ferem alunos diante de escola Próximo Texto: Violência: Argentino é baleado por ladrão no Guarujá Índice
|