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INTOLERÂNCIA
Grupo é acusado de divulgar propaganda contra a mistura racial
Paraná prende suspeitos de racismo
MARI TORTATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA
A Polícia Civil do Paraná prendeu ontem, em Curitiba, sete pessoas sob suspeita de liderar um
grupo de skinheads que panfletou
a cidade contra negros e homossexuais, no mês passado.
A polícia também os aponta como responsáveis pela tentativa de
homicídio de um homossexual,
no mesmo período. Quatro adolescentes que fariam parte do grupo foram detidos e encaminhados
para a delegacia especializada.
O professor de jiu-jitsu Eduardo
Toniolo Del Segue, 25, conhecido
por Brasil, e Edwiges Francis Barroso -que adota o nome de
Franciele Del Segue, ou apenas
Fran-, 26, são apontados pelo
delegado Marcus Vinicius Michelotto como os líderes dos ativistas
do neonazismo em Curitiba.
Os dois foram reconhecidos por
um homossexual como seus
agressores. Garotos que deixaram
o grupo também identificam os
dois como pessoas violentas. Fran
disse que é ex-skinhead e negou
ser violenta.
A auxiliar de escritório que
abandonou um curso de administração afirma ter deixado de ser
ativista do movimento neonazista
""há pelo menos dez anos", mas
fotografias recolhidas pela polícia
mostram que ela estava ativa havia pouco tempo.
Além dela e do marido, foram
presas mais duas mulheres: a estudante de letras Estela Herman
Heise, 20, e Fernanda Keli Sens,
24. Os demais são Bruno Paese
Fader, 20 -namorado de Heise-, André Lipnharski, 25, e
Drahomiro Michel, 28.
Há ordem judicial para a prisão
temporária dos sete, mas Michelotto afirma ter a expectativa de
obter a preventiva, que prolongaria as prisões de cinco dias para
mais de um mês.
Eles vão responder a inquéritos
por tentativa de homicídio, apologia ao nazismo e formação de
quadrilha, segundo o delegado.
O delegado disse que um ex-namorado de Heise, morador de São
Paulo, foi quem abasteceu o grupo de Curitiba com os panfletos
racistas e homofóbicos. Ele está
sendo procurado.
Material nazista
Nas buscas, que começaram às
7h de ontem, os policiais encontraram nas casas visitadas material literário de apologia nazista,
bandeiras, desenhos de Adolf Hitler, cassetetes, punhais e peças do
uniforme de soldados alemães na
Segunda Guerra Mundial.
Também foi exibida uma matriz para impressão da cruz celta e
camisetas com essa cruz, com a
suástica ou com o número 88
-que significa as letras H (de
Heil Hitler) estampados no peito
ou nas costas.
Uma zarabatana artesanal tinha
o adesivo ""Eu voto não" (à proibição de armas de fogo no referendo do último domingo) colocado
em uma extremidade.
A polícia recolheu ainda, como
provas, dezenas de fotos em que o
grupo aparece fazendo poses em
frente à bandeira nazista ou saudando Hitler, no gesto do braço
estendido à frente do corpo. Há
fotos, inclusive, das duas crianças
dos Del Segue fazendo esse gesto.
Policiais disseram que a maioria
do grupo tem tatuagens no corpo
com os símbolos nazistas. Fran teria tatuadas nas costas as palavras
""Orgulho Branco".
Essa foi a assinatura dos adesivos colados em equipamentos
públicos no mês passado, que traziam a mensagem ""Mistura racial? Não, obrigado".
Os adesivos contra gays levavam a assinatura "Frente anti-caos". Um dos adolescentes de 17
anos detido disse que fazia parte
desse grupo, mas que o abandonou em maio.
Michelotto entregou à Folha a
cópia de um prontuário policial
em que o casal Del Segue e um terceiro homem, que não foi preso,
aparecem como autores de oito
agressões por grupos supostamente racistas, entre 2000 e 2002.
O delegado afirmou que esperava prender mais três pessoas que
comporiam o grupo de cinco pessoas que foi responsabilizado pela
agressão do homossexual.
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