São Paulo, sexta-feira, 27 de outubro de 2006

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Ex-aliado denuncia prefeito de São Sebastião

Empresário afirma que Juan Pons Garcia (PPS) enriqueceu depois de ter assumido a prefeitura no ano passado

Ministério Público investiga se prefeito tentou beneficiar grupo português ao propor mudanças no Plano Diretor e na Lei de Uso do Solo

JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DA REPORTAGEM LOCAL

O empresário Estevão Ciappina, que participou da campanha eleitoral do prefeito de São Sebastião, Juan Pons Garcia (PPS) em 2004, acusa o ex-aliado político de ter enriquecido após assumir o cargo, em 2005.
Ciappina é autor da acusação de corrupção envolvendo Garcia e seu grupo político enviada ao Ministério Público Estadual.
Garcia começou a ser investigado ontem pelo Ministério Público pela suspeita de enviar à Câmara projetos para modificar o Plano Diretor e a Lei de Uso do Solo para valorizar terrenos comprados na cidade pelo grupo Riviera.
Após ser eleito, Garcia foi à sede do grupo, em Portugal, com o empresário Andelmo Zarzur Júnior, que fora contratado pelo Riviera para adquirir os terrenos na cidade litorânea.
A PF investiga indícios de sonegação fiscal, ocultação de bens e lavagem de dinheiro supostamente cometidas por Zarzur Júnior. As mudanças do Plano Diretor e da Lei de Solo permitem a construção de edifícios de até seis andares em áreas adquiridas pelo grupo. Hoje, só podem ser erguidos nesses locais até três andares.
Estevão Ciappina, que é consultor náutico, afirmou ter recebido R$ 300 mil para reformar uma lancha do prefeito. Na maioria das vezes, disse Ciappina, o dinheiro era em dólares.

 

Folha - Por que o sr. rompeu com o prefeito de São Sebastião?
Estevão Ciappina
- Logo que ele assumiu, percebi que era outra pessoa.

Folha - Como foi a entrada do sr. Andelmo Zarzur na campanha?
Ciappina
- Ele apareceu do nada e de repente virou coordenador da campanha. Pelo que fiquei sabendo, ele injetou R$ 300 mil na campanha. Depois descobri que ele era mais do que isso, que era um esquema com um empresário de Portugal, porque logo após a eleição eles foram a Portugal e voltaram esbanjando dinheiro.

Folha - Na campanha, o sr. o ajudou financeiramente?
Ciappina
- Sim, todos deram, ele precisou de ajuda financeira.

Folha - O sr. chegou a trabalhar em lanchas dele?
Ciappina
- Eu comprei, reformei, intermediei a negociação de uma das lanchas e reformei essa lancha. Mas me indispus com ele e abandonei o serviço.

Folha - Quanto o prefeito investiu?
Ciappina
- Nesse barco, que eu fiz a reforma, uns R$ 300 mil.

Folha - O sr. tem provas?
Ciappina
- Sim, recibo de compra e venda e notas fiscais.


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