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24 pessoas são presas em Itajaí após saques
Polícia diz que só foram detidos os que levaram produtos como TV de plasma, fogão e geladeira de mercado atacadista
Cerca de 2.000 pessoas participaram da invasão; houve registro de casas invadidas e há relatos
não-oficiais de linchamento
Moacyr Lopes Junior/Folha Imagem
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Produtos de mercado afetado pelas chuvas; ao fundo, moradores correm para pegar mantimentos
DA AGÊNCIA FOLHA
Enquanto Santa Catarina
confirmava ontem a 97ª morte,
a situação se agravava entre os
sobreviventes -em meio a casos de saques e prisões.
Apenas no município de Itajaí, onde a enchente atingiu
80% das moradias, 24 pessoas
-na maioria delas jovens- foram presas desde a madrugada
de anteontem por saques num
mercado atacadista.
Foram as primeiras prisões
de saqueadores desde o início
da tragédia no Estado.
Segundo o delegado-geral da
Polícia Civil catarinense, Maurício Eskudlark, a preocupação,
agora, é que ocorra uma "convulsão social" por causa do medo desses crimes, cujos casos,
afirmou, ainda são isolados.
"Isso cria insegurança. Pessoas já não querem sair de casa.
Muitos podem tentar fazer justiça com as próprias mãos",
afirmou o delegado-geral.
"Quem precisa receber donativos e ouve que está tendo onda
de saque fica insuflado, vai procurar resolver a questão pelos
próprios meios. Vamos coibir
eventuais atos violentos."
A onda de saques não se limita a supermercados. Várias casas do bairro São Vicente foram
invadidas por ladrões.
Um deles, dizem os moradores, foi pego por vizinhos de
uma das casas saqueadas. Foi
agredido e jogado nas ruas alagadas. Como não sabia nadar,
foi levado pela correnteza e
morreu afogado. Outro foi espancado, mas foi salvo por policiais. A polícia, porém, não confirma essas informações.
TV de plasma
O capitão da PM Rogério
Teutônio da Silva afirmou ontem que a situação em Itajaí se
agravou a partir de anteontem.
Ele disse que saqueadores se
aproveitaram da situação para
levar mercadorias que não são
de primeira necessidade. Além
de comida, carregaram bebidas
alcoólicas, uma geladeira, um
fogão e aparelhos de TV de
plasma de 42 polegadas.
Foi necessário um caminhão
do Exército para levar toda a
mercadoria apreendida até a
delegacia.
"Na hora do "estouro", havia
mais de 2.000 pessoas invadindo o atacado e cerca de 20 policiais tentando conter. À noite,
quando estava mais tranqüilo,
efetuamos as prisões nos casos
mais gritantes", disse o capitão.
Não foram presas pessoas
que estavam levando somente
comida, de acordo com o policial militar.
Os 24 detidos estão presos
numa delegacia. Em um mês
normal, a média de prisões
em flagrante é de até 40
pessoas em Itajaí, segundo a
Polícia Civil.
(GUSTAVO HENNEMANN, MATHEUS PICHONELLI, RENATA BAPTISTA, RACHEL
ANÓN e MARTHA ALVES)
Colaborou VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
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