São Paulo, quarta-feira, 27 de dezembro de 2006

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Mesmo após confusão, passageiros ainda não conseguem recuperar malas

ESTÊVÃO BERTONI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Sem as malas desde quinta-feira, quando desembarcou em Guarulhos para passar o Natal e o Ano Novo com a mãe, a professora Sandra Regina Gomes de Oliveira, 39, voltou ontem ao aeroporto com a esperança de ter suas roupas de volta.
Vinda de Viena, na Áustria, onde mora com o marido austríaco, Regina só conseguiu da TAM uma ajuda emergencial de US$ 50 -valor que a empresa paga para passageiros "em trânsito" de vôo internacionais. Das malas, nada se sabe.
Depois de passar mais de duas horas no setor de bagagem, Regina foi informada que o prazo estipulado pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) para que suas duas malas sejam devolvidas é de 30 dias. "Não posso ficar todo esse tempo sem minha bagagem. Eu não tenho roupas para vestir."
Após os 30 dias, se a bagagem não for encontrada, a TAM deve pagar a Regina uma indenização de R$ 55,82 por quilo. Para vôos nacionais, o valor é de R$ 27,35 por quilo.
Em sua primeira viagem pela TAM, o português Eduardo Freitas, 47, gestor de telecomunicações em Lisboa (Portugal), diz que já teve suas bagagens extraviadas outras vezes. "O problema é ficar sem informações." De suas dez malas, uma não foi encontrada.
Freitas, que partiu com sua mulher de Goiânia -onde estava a trabalho- até Guarulhos, de onde seguiu para Portugal, conta que sua mala estava identificada. "Vamos voltar a Portugal sem uma mala. De lá, vou processar a TAM."
Freitas e a professora Regina foram algumas das pessoas que tentaram recuperar a bagagem extraviada por conta da sucessão de atrasos e cancelamentos de vôos às vésperas do Natal.
Poucos tiveram sorte. Um deles foi o também português Diogo Ferreira, 40, administrador de empresas, que chegou em São Paulo no dia 20 e só ontem localizou a mala da filha. Ele chegou a ir três vezes a Cumbica atrás das bagagens.
A própria TAM admitiu que cerca de 3.000 malas ficaram perdidas em aeroportos de todo o país por conta da confusão. Em Congonhas, a Infraero teve de ceder uma sala para acomodar as bagagens perdidas.

Sem fiscalização
No aeroporto Tom Jobim, do Rio, centenas de malas permaneciam num canto ontem. Os interessados em reaver os pertences circulavam livremente à procura da bagagem.
O funcionário público francês Michel Brault, 58, chegou a bater na sala da TAM para perguntar se poderia simplesmente sair com a bagagem a tiracolo. Foi informado de que deveria assinar um protocolo.
Brault chegou sábado ao Brasil para passar o Natal com a namorada, Ana Paula Olegário. Os presentes ficaram na mala. "Extravio de bagagem é algo que acontece em qualquer lugar do mundo, mas ficar quatro dias sem qualquer informação, encontrar a mala jogada e sair sem fiscalização, eu nunca tinha visto", disse.
A companhia ofereceu um reembolso de US$ 50. "Isso não paga nem a muda de roupa que ele teve que comprar", reclamou Ana Paula.
A enfermeira Rosemary Viana, 39, chorava em busca das malas com remédios que trouxe de Miami para a mãe. "Perdi meus pertences, o aparelho para medir o açúcar que trouxe para ela e os presentes."
A TAM informou que no fim do dia ainda existiam 100 bagagens no aeroporto de Guarulhos e 150 no Tom Jobim.


Colaborou a Sucursal do Rio


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