São Paulo, domingo, 28 de janeiro de 2001

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Suposta lista com nomes de brasileiros e paraguaios marcados para morrer faz políticos reforçarem segurança pessoal
Disputa por tráfico deixa prefeitos acuados

DA AGÊNCIA FOLHA, EM CORONEL SAPUCAIA

Os prefeitos de Coronel Sapucaia (MS) e Capitán Bado, no Paraguai, reforçaram a segurança pessoal após um boato da existência de uma lista com 40 nomes de brasileiros e paraguaios que estariam "marcados para morrer".
A lista -que teria sido elaborada por traficantes- mudou a rotina da população das duas cidades. A maior parte dos bares e restaurantes fecha às 19h.
O prefeito eleito de Coronel Sapucaia (MS), Eurico Mariano (PMDB), prefere não falar no assunto. A Agência Folha constatou que pelo menos cinco seguranças trabalham com o prefeito.
"Ele (prefeito) tem andado com seguranças porque acabou de ser eleito. Pode ser que alguém queira se aproveitar da situação e tentar alguma coisa contra ele", disse Jucimar de Sá, assessor de Mariano.
O prefeito figuraria na lista por ser o genro de Mauro Morel, um dos integrantes do "clã dos Morel", que teria sido assassinado a mando do traficante Fernandinho Beira-Mar, na disputa pelo poder do tráfico na região.
Já o prefeito de Capitán Bado, Héctor Palácios, do Partido Colorado, apareceria na lista por ter oferecido um suposto apoio político aos Morel. Palácios deixa o cargo no final do ano, pois lá não é permitida a reeleição. Além da Polícia Nacional, um segurança particular acompanha o prefeito.
Apesar de tentar minimizar as ameaças, Palácios também evita dar entrevistas. Siqueira Félix, assessor dele, disse não acreditar em ameaças que seriam de Beira-Mar. "É só fofoca", disse.
Em Coronel Sapucaia, apenas uma churrascaria esteve aberta após as 19h na semana passada. Bares que costumavam ficar abertos até tarde estão fechando mais cedo depois que começou a disputa pelo domínio do tráfico na região entre os Morel e o grupo ligado a Fernandinho Beira-Mar.
"Não podemos facilitar. Eu, por exemplo, saio do trabalho e vou direto para casa", disse o delegado da Polícia Civil da cidade, Antenor Batista da Silva Júnior, 32.
A delegacia de Coronel Sapucaia possui dois agentes e um escrivão. De acordo com o delegado, apesar dos últimos crimes no lado paraguaio e do trânsito de traficantes na região, a principal causa de homicídios na região é a ocorrência de brigas após bebedeiras. Cerca de 15 assassinatos são registrados por ano.
"Geralmente, os traficantes não ficam por aqui", disse. A polícia paraguaia não informou os números dos crimes em Capitán Bado. (CBJr)


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