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Contratação de mão-de-obra é comum, afirma polícia; transportadores são conhecidos como "formiguinhas"
Pagamento a lavrador é feito em maconha
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CORONEL SAPUCAIA
A contratação de mão-de-obra
para trabalhar em plantações de
maconha é uma prática comum
tanto em Coronel Sapucaia (MS)
como em Capitán Bado, no Paraguai, segundo informações das
polícias das duas cidades.
O pagamento, em alguns casos,
costuma ser em espécie. Foi o que
aconteceu com o lavrador Claudinei Gomes da Rocha, 20, que trabalhou um mês em uma fazenda
em Coronel Sapucaia. No acerto
salarial, ele recebeu dez quilos de
maconha. Ao tentar levar a droga
para vender em Dourados (MS),
Rocha foi descoberto pela polícia.
Hoje, está preso em Amambaí e
pode ser condenado a até quatro
anos de prisão.
"Fui contratado para fazer uma
roçada em uma fazenda onde,
provavelmente, iriam plantar maconha. Estava precisando de dinheiro. No final do serviço me
disseram que o pagamento seria
em espécie. Para não ficar no prejuízo tentei vender a droga, mas
fui apanhado", disse, sem revelar
quem o contratou.
Em Mato Grosso do Sul, 2.000
dos 3.300 presos no Estado cumpriam pena ou aguardavam julgamento por tráfico de drogas, principalmente maconha, segundo
dados do final de dezembro da
Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário.
Na maior parte, de acordo com
a agência, são desempregados e
semi-analfabetos que se arriscam
para transportar a droga. No presídio de Amambaí (MS), por
exemplo, 85 dos 103 presos cumprem pena que varia de 4 a 12
anos de prisão por tráfico.
As pessoas contratadas são conhecidas na região por "formiguinha", denominação dada aos traficantes que tentam transportar a
droga por ônibus, bicicleta, táxi
ou a pé.
José Carlos Santilio, 24, preso
em Amambaí, é um desses "formiguinhas". Pai de três filhos, ele
estava desempregado quando
aceitou a proposta de um homem
que ele diz que não conhecia.
Ganharia R$ 500 caso conseguisse entregar uma sacola com
55 quilos de maconha a uma pessoa também desconhecida na rodoviária de Curitiba (PR).
"Estava desempregado e tinha
de pagar o aluguel. Podia ganhar
uma grana, mas deu tudo errado", disse Santilio, que foi preso
dez minutos após ter embarcado,
durante uma barreira policial.
Pelo crime, Santilio, que era réu
primário, foi condenado a quatro
anos e dois meses de prisão.
"Nunca mais faço isso, mesmo
passando fome. Quero ter uma vida normal."
(CELSO BEJARANO JR.)
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