São Paulo, domingo, 28 de janeiro de 2001

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Paciente diz que não foi levada a sério

DA SUCURSAL DO RIO

Roseana Tavares, 42, teve de esperar mais de duas horas para ser atendida num hospital de Campo Grande, na zona oeste do Rio, apesar de apresentar todos os sintomas de um infarto agudo.
Ela conta que acordou sentido-se mal e pediu para a filha levá-la ao médico. "Cheguei com muita dor, aperto no peito, pálida e suando. Disse achar que estava sofrendo um infarto, mas, mesmo assim, me mandaram aguardar."
Depois de esperar por duas horas, um homem, com os mesmos sintomas, chegou ao hospital e foi imediatamente atendido, de acordo com o relato de Roseana.
"Procurei os médicos e disse que havia chegado antes e que estava com as mesmas dores. Contei até que os meus pais morreram de ataque no coração e que, portanto, eu pertencia ao grupo de risco. A única informação que recebi foi que estava muito nervosa", contou Roseana.
Quando finalmente foi atendida, os médicos diagnosticaram um princípio de infarto e uma arritmia cardíaca. Ela ficou internada por duas semanas.
"Eles não me levavam a sério. Perguntavam se eu tinha me aborrecido com alguma coisa e diziam que era apenas nervosismo. Chegaram a me dizer que deveriam ser gases. Não pensei que o tratamento para homens e mulheres fosse diferente. Fiquei muito assustada ao ver que ninguém me atendia", completou.
A aposentada Selene Lamenza, 63, passou mal durante duas semanas antes de ir a um hospital, por não acreditar que poderia estar sofrendo um infarto.
"Eu sentia dores no peito, mas pensei que poderia estar passando por uma crise de asma", disse.
Ela também não contou nada para a família, pois temia a reação dos parentes. "Não falei nada porque todos iriam achar que era besteira, que era frescura minha."
Selene só decidiu procurar um médico quando a dor se tornou insuportável. Chegando ao hospital, se submeteu a um eletrocardiograma e ficou constatado que estava tendo um infarto.
"Não imaginava que poderia sofrer do coração. Achava que só os homens tivessem ataques cardíacos", disse Selene, que teve de passar por uma cirurgia de ponte de safena. (SP)


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