São Paulo, quinta, 28 de janeiro de 1999

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SAÚDE
Medicamento deverá reduzir a absorção do açúcar pelo organismo; mulheres que usaram substância perderam peso
Unicamp desenvolve 'Xenical' do açúcar

MAURÍCIO SIMIONATO
da Folha Campinas

A Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) está desenvolvendo um medicamento que reduz a absorção de açúcar pelo organismo humano e já está sendo chamado de "Xenical do açúcar".
Segundo o Caism (Centro de Atenção Integrada à Saúde da Mulher), ligado à universidade, o princípio ativo da substância Metformina reduz o peso de mulheres obesas em até 24%. Em média, as 19 mulheres pesquisadas perderam cerca de 16% do peso.
A "pílula do açúcar" combate o excesso de insulina, que induz à fabricação de gorduras pelo corpo.
"A pesquisa tem sido feita em mulheres obesas, mas nada impede que a droga seja usada por qualquer pessoa para reduzir o açúcar no organismo", disse o diretor clínico do Caism, Osvaldo da Rocha Grassioto, responsável pela pesquisa.

Xenical
Segundo Grassioto, o medicamento pode ser usado em conjunto com o Xenical, utilizado para eliminar a gordura do organismo.
"A única semelhança entre o novo medicamento e o Xenical é que ambos provocam diarréia e atuam no intestino", disse .
Bactérias do organismo fermentam o açúcar em excesso. A fermentação é convertida em radicais ácidos que causam a diarréia.
A droga Metformina é utilizada hoje para tratamento de diabéticos em idade adulta.
Os pesquisadores da universidade devem produzir o medicamento específico com a mesma fórmula, mas com apresentações diferentes, como quantidade e doses, por exemplo.
A Metformina também faz com que o açúcar seja melhor absorvido pelas células.
"Na verdade, encontramos o elo para a obesidade, que é o excesso de insulina", disse Grassioto.
A insulina é responsável por quebrar e eliminar o açúcar do sangue. Com isso, ocorre a redução de insulina e dos hormônios masculinos, que causam obesidade. "O remédio coloca em sintonia o processo de absorção da insulina."

Teste
As mulheres que participaram do teste possuem desvio no metabolismo dos açúcares, o que é chamado síndrome dos ovários policísticos. Todas elas são voluntárias, estavam com peso entre 70 kg e 120 kg e já haviam feito tentativas de emagrecimento sem sucesso.
O custo mensal do tratamento é de R$ 15 no experimento. O paciente deve tomar dois comprimidos por dia.
O estudo teve início em março do ano passado e deve ser concluído até metade do próximo ano.
Os pesquisadores da Unicamp iniciaram neste ano a segunda parte da pesquisa, que deverá avaliar cerca de 40 mulheres.



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