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ARTE PERDIDA
Para a polícia, ele foi atacado e obrigado a conduzir os ladrões do Museu da Chácara do Céu, na região central do Rio
PF acha motorista que transportou quadros
MICHELLE STRZODA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO
A Polícia Federal localizou ontem o motorista de uma Kombi
que disse ter conduzido os quatro
ladrões que, na sexta-feira, roubaram do Museu da Chácara do
Céu, no Rio, quatro quadros de
Pablo Picasso, Salvador Dalí, Henri Matisse e Claude Monet.
O motorista, cujo nome não foi
divulgado, contou em depoimento ter sido obrigado pelo assaltantes a conduzi-los. A PF não divulgou o local para onde a Kombi seguiu com a quadrilha. O carro foi
apreendido e será periciado.
Após o depoimento, o motorista foi liberado. Para a PF, ele não
participou do roubo e teria sido
atacado ao passar pelas proximidades do museu.
Os quadros levados do Museu
da Chácara do Céu (Santa Teresa,
região central do Rio) são "Os
Dois Balcões" (1929), de Dalí; "A
Dança"(1956), de Picasso; "Marine" (1880-1890), de Monet, e "Jardim de Luxemburgo" (1903), de
Matisse, além de um livro de gravuras de Picasso.
Conforme a Folha revelou ontem, o quadro "A Dança" foi perfurado quando o vigia Roberto
Machado, 61, tentou, sem sucesso, arrancá-lo dos assaltantes.
Alvos no Brasil
A falta de segurança e a riqueza
dos acervos das igrejas e museus
fizeram com que o Brasil passasse
a alvo das quadrilhas especializadas no tráfico de bens culturais,
informou ontem a Interpol (Polícia Internacional).
De acordo com o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional), o comércio
clandestino de bens culturais só é
superado, no mundo, pelo tráfico
de drogas e de armas.
O coordenador do Departamento de Museus do Iphan no Estado do Rio, Mário Chagas, 49,
afirmou que o roubo das obras
não aconteceu por uma falha interna. Para ele, a ação dos assaltantes reflete a falta de segurança
do país. "A segurança de um museu não pode ser comparada à de
um banco. Ainda assim, os bancos sofrem assaltos", disse.
A Interpol informou que há
dois anos forma, em parceria com
o Iphan, grupos de trabalho para
estudar estratégias de prevenção a
ações criminosas contra bens culturais do Brasil. Os alvos preferenciais das quadrilhas são peças
de arte marajoara e obras sacras.
"As igrejas não têm segurança
apropriada. É necessário intensificar a vigilância", alertou o agente federal Marcos Toneli, 38, que
trabalha na Interpol em Brasília.
De acordo com o coordenador
do Iphan, as declarações da delegada Isabelle Vasconcelos, da Delemaph (Delegacia de Repressão a
Crimes Contra o Meio Ambiente
e Patrimônio Cultural, da Superintendência da PF no Estado),
surpreenderam a entidade. Responsável pela investigação, a delegada afirmou anteontem considerar inadequada a segurança do
museu roubado.
"A Polícia Federal deve trabalhar em parceria com o Iphan.
Queremos recuperar as obras,
prender os ladrões e acabar com
as quadrilhas", disse Chagas.
De acordo com o coordenador,
nunca os museus foram tão seguros como hoje. Para ele, todas as
instituições de arte no mundo sofrem risco de assaltos e furtos.
Apesar de as obras roubadas terem valor zero no mercado oficial, elas podem vir a ser comercializadas no mercado negro.
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