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Três delegados são suspeitos de compra de cargos de chefia
Acusação foi feita por ex-policial preso por suspeita de extorsão,
que afirma que eles pagaram a superior para assumir postos
Chefia da 5ª Seccional
custou R$ 250 mil, segundo
acusador; Ministério Público
e Corregedoria da Polícia
Civil investigam o caso
DA REPORTAGEM LOCAL
Os delegados Fábio Pinheiro
Lopes, Emílio Françolin e Luís
Carlos do Carmo são investigados pelo Ministério Público Estadual e pela Corregedoria da
Polícia Civil pela suspeita de terem comprado cargos de chefia
na Polícia Civil de São Paulo.
Os policiais negam.
A investigação tem como
ponto de partida o depoimento
do ex-policial civil Augusto Peña dado à Promotoria neste
mês e ao qual a Folha teve
acesso. Peña, que não apresentou provas, diz que atuava como intermediário na negociação entre policiais e o então secretário-adjunto da Segurança
Lauro Malheiros Neto.
De acordo com ele, Lopes pagou R$ 110 mil a Malheiros Neto para assumir a 3ª Delegacia
de Investigações Gerais do
Deic (divisão de combate ao
crime organizado).
Já Françolin, sempre segundo o ex-policial, pagou R$ 250
mil para assumir a 5ª delegacia
seccional da capital. Peña afirma ter sido o responsável pela
entrega do dinheiro. A quantia
foi entregue ao advogado Celso
Valente, que seria outro intermediário de Malheiros na vendas de cargos e outros benefícios dentro da polícia.
Já Luís Carlos do Carmo
também pagou, segundo Peña,
por uma vaga no Detran. "O declarante não soube informar o
valor porque recebeu apenas
um pacote fechado", diz outro
trecho do depoimento.
Uma das hipóteses é que os
policiais compravam os cargos
para lucrar, por exemplo, com
extorsões a investigados.
Os delegados Carmo e Lopes
deixaram as funções após a saída de Malheiros Neto da secretaria. Carmo foi para uma delegacia do idoso e Lopes, para o
99º DP. Françolin continua na
mesma seccional.
Nomeado para o cargo em janeiro de 2007, Malheiros Neto
pediu exoneração em maio de
2008, logo após a prisão de Peña -acusado de extorquir dinheiro de integrantes do PCC.
No depoimento de agora, Peña confessou esse e outros crimes na tentativa de obter o benefício da delação premiada.
Esses benefícios, que podem
reduzir a condenação do ex-policial, só são concedidos pela
Justiça se as informações repassadas pelo acusado forem
consideradas consistentes.
Amizade
De acordo com Peña no depoimento, ele e Malheiros Neto
eram amigos havia anos. Foi a
primeira vez que Peña admitiu
manter uma relação próxima
com o ex-secretário. A suposta
ligação entre os dois foi denunciada ao Ministério Público por
Regina Célia Lemes de Carvalho, ex-mulher do ex-policial.
Em janeiro de 2007, quando
Malheiros assumiu o cargo de
secretário-adjunto da Segurança, o então investigador disse
ter sido procurado por ele para
ser transferido a 3ª DIG do
Deic. Lá, teria duas missões, segundo afirma no depoimento:
1) "Apertar o cerco em cima
dos bingos e das máquinas de
caça-níqueis, para poder arrecadar dinheiro de forma ilícita.
Em outras palavras, cobrança
de propina"; 2) "Ficar de olho"
no delegado Fábio Pinheiro Lopes, "vigiando se o dinheiro [da
propina] não era desviado".
"De acordo com o tamanho da
casa de jogo, deveriam pagar de
R$ 20 mil a R$ 200 mil mensais, em dinheiro", disse.
Corregedoria
A investigação na Corregedoria trocou ontem de mãos. O secretário da Segurança Pública,
Ronaldo Marzagão, substituiu
o delegado Gerson Carvalho
por um homem de confiança:
Roberto Avino, que trabalhava
ultimamente na Secretaria da
Segurança.
(ROGÉRIO PAGNAN, ANDRÉ CARAMANTE e LUIS KAWAGUTI)
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