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São Paulo, sexta-feira, 28 de março de 2003

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Senadores criticam transferência

DA AGÊNCIA FOLHA, EM MACEIÓ

A transferência do traficante Fernandinho Beira-Mar para a carceragem da Polícia Federal em Maceió (AL) conseguiu colocar do mesmo lado dois ferrenhos adversários políticos no Estado, os senadores Renan Calheiros (PMDB) e Heloísa Helena (PT).
Ambos, e também o senador Teotônio Vilela (PSDB), assinaram nota conjunta em que condenam "veementemente" e dizem não aceitar a transferência do criminoso. Eles pedem ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e ao governador Ronaldo Lessa (PSB) "que reconsiderem imediatamente tal decisão, que afronta a vontade do nosso povo e de seus representantes".
O presidente da Assembléia Legislativa, Celso Luiz (PL), declarou não ter acreditado quando ficou sabendo que Beira-Mar seria mandado para Maceió. "A minha primeira reação foi de descrédito", afirmou.
O envio de Beira-Mar para a cidade também provocou forte reação negativa da Polícia Federal, da sociedade civil e da Justiça.
O presidente da Associação Brasileira dos Policiais Federais, Inaldo Medeiros, condenou a forma como foi feita a transferência, "sem aviso". "Os policiais [federais de Alagoas] não estão preparados para lidar com um preso desse porte", afirmou Medeiros.
Ao longo de todo o dia, ouvintes e líderes comunitários ligaram para as rádios da capital para protestar contra a chegada do traficante à cidade.
O presidente do TJ (Tribunal de Justiça), desembargador Geraldo Tenório, disse que foi "pego de surpresa" ao saber da notícia por intermédio da mídia.
Ex-presidente do TJ, Fernando Tourinho de Omena Souza disse que o governo federal deveria ter avisado preventivamente os Poderes do Estado. "Temos de manter os interesses do povo de Alagoas", declarou.

Mal-estar
Não é a primeira vez que a senadora petista Heloísa Helena, da ala radical do partido, se posiciona contra uma decisão do governo federal. Ela criticou de forma áspera a indicação de Henrique Meirelles -ex-presidente mundial do BankBoston e deputado eleito pelo PSDB goiano- para a presidência do Banco Central.
Ainda no período eleitoral, a senadora causou mal-estar no partido ao declarar que não aceitava a coligação do PT com o PL em Alagoas.
Em meio aos ataques que desferiu contra os liberais à época, ela chegou a dizer que o PL no Estado era formado por "narcotraficantes e pistoleiros".
A atitude inviabilizou a sua candidatura ao governo do Estado. Coincidência ou não, Alagoas foi o único Estado brasileiro onde o tucano José Serra bateu Lula na eleição presidencial. (FG)


Colaborou EDUARDO DE OLIVEIRA, da Agência Folha


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