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Senadores criticam transferência
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MACEIÓ
A transferência do traficante
Fernandinho Beira-Mar para a
carceragem da Polícia Federal em
Maceió (AL) conseguiu colocar
do mesmo lado dois ferrenhos adversários políticos no Estado, os
senadores Renan Calheiros
(PMDB) e Heloísa Helena (PT).
Ambos, e também o senador
Teotônio Vilela (PSDB), assinaram nota conjunta em que condenam "veementemente" e dizem
não aceitar a transferência do criminoso. Eles pedem ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e
ao governador Ronaldo Lessa
(PSB) "que reconsiderem imediatamente tal decisão, que afronta a
vontade do nosso povo e de seus
representantes".
O presidente da Assembléia Legislativa, Celso Luiz (PL), declarou não ter acreditado quando ficou sabendo que Beira-Mar seria
mandado para Maceió. "A minha
primeira reação foi de descrédito", afirmou.
O envio de Beira-Mar para a cidade também provocou forte reação negativa da Polícia Federal, da
sociedade civil e da Justiça.
O presidente da Associação Brasileira dos Policiais Federais, Inaldo Medeiros, condenou a forma
como foi feita a transferência,
"sem aviso". "Os policiais [federais de Alagoas] não estão preparados para lidar com um preso
desse porte", afirmou Medeiros.
Ao longo de todo o dia, ouvintes
e líderes comunitários ligaram
para as rádios da capital para protestar contra a chegada do traficante à cidade.
O presidente do TJ (Tribunal de
Justiça), desembargador Geraldo
Tenório, disse que foi "pego de
surpresa" ao saber da notícia por
intermédio da mídia.
Ex-presidente do TJ, Fernando
Tourinho de Omena Souza disse
que o governo federal deveria ter
avisado preventivamente os Poderes do Estado. "Temos de manter os interesses do povo de Alagoas", declarou.
Mal-estar
Não é a primeira vez que a senadora petista Heloísa Helena, da
ala radical do partido, se posiciona contra uma decisão do governo federal. Ela criticou de forma
áspera a indicação de Henrique
Meirelles -ex-presidente mundial do BankBoston e deputado
eleito pelo PSDB goiano- para a
presidência do Banco Central.
Ainda no período eleitoral, a senadora causou mal-estar no partido ao declarar que não aceitava
a coligação do PT com o PL em
Alagoas.
Em meio aos ataques que desferiu contra os liberais à época, ela
chegou a dizer que o PL no Estado
era formado por "narcotraficantes e pistoleiros".
A atitude inviabilizou a sua candidatura ao governo do Estado.
Coincidência ou não, Alagoas foi
o único Estado brasileiro onde o
tucano José Serra bateu Lula na
eleição presidencial.
(FG)
Colaborou EDUARDO DE OLIVEIRA, da
Agência Folha
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