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URBANISMO
Prefeitura prevê que maioria dos casos será resolvida em um ano, mas ainda analisa 3.000 pedidos da lei anterior
Anistia pode levar 10 anos para ser concluída
SÉRGIO DURAN
JOÃO CARLOS SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL
A anistia de 1 milhão de imóveis
irregulares -aprovada anteontem na Câmara Municipal- corre o risco de levar dez anos para
ser concretizada em São Paulo.
Esse é o prazo que está demorando para atender a todos os pedidos de regularização feitos após
aprovada a última lei de anistia,
em 1994, durante a gestão do ex-prefeito Paulo Maluf (1993-1996).
De acordo com a Comissão de
Edificação e Uso do Solo (Ceuso),
vinculada à Secretaria da Habitação, há entre 3.000 e 3.500 pedidos
de anistia de 94 parados no órgão,
que julga os imóveis com mais de
250 m2 de área construída.
Os menores ficam com as subprefeituras. Sobre esses, não há
nem estimativa de quantos já foram deferidos ou indeferidos.
Na época de Maluf, o número
de imóveis irregulares na cidade
era estimado em 400 mil -40%
do que é previsto para agora.
"É lógico que envolve um volume grande de trabalho, mas não
pretendemos levar dez anos", diz
Helena Nischio, chefe da assessoria técnica da Ceuso.
Uma das iniciativas da secretaria para dar conta da possível avalanche de pedidos foi montar
uma equipe especial para cuidar
somente da regularização.
Nas gestões anteriores, os pedidos de anistia se misturavam às
outras solicitações na secretaria,
como as de novas construções.
"Ousadia humana"
Nischio e vereadores da bancada governista sustentam que vale
a pena se regularizar, apesar das
exigências contidas no projeto
aprovado. Além de pagar pela
anistia, os proprietários de 1 milhão de imóveis da cidade terão de
enfrentar a burocracia da prefeitura e ainda pagarão mais IPTU
depois de tê-los regularizado.
Para imóveis com área construída acima de 500 m2, o custo da regularização sairá alto. A anistia do
edifício de nove andares construído de forma irregular no Campo
Belo (zona sul), revelado em reportagem da Folha, em janeiro,
poderá custar mais de R$ 3 milhões, por exemplo.
Esse seria o gasto com o pagamento da outorga onerosa, um
dos tributos previstos na lei. Há
ainda o recolhimento de R$ 2,90 e
do ISS (Imposto Sobre Serviços)
por metro quadrado irregular.
Para o vereador Paulo Frange
(PTB), além da fiscalização, mudanças que serão feitas no Código
de Obras -por exemplo, para
impor multas mais elevadas para
imóveis irregulares- levarão
contribuintes a aderir à anistia.
E se, mesmo assim, o proprietário achasse mais vantajoso se
manter irregular? "A ousadia faz
parte da personalidade humana",
respondeu Frange, um dos vereadores que mais defenderam a
aprovação.
As regras e formulários que deverão ser preenchidos pelos interessados em se regularizar só ficarão prontos daqui a dois meses,
no mínimo. A lei prevê 60 dias para a sua regulamentação, e isso só
irá ocorrer após sanção da prefeita Marta Suplicy (PT), o que não
deverá demorar, já que o substitutivo aprovado foi apresentado pelo líder do governo na Câmara,
João Antônio (PT).
Estabelecidos os procedimentos
da anistia, os proprietários de
imóveis terão 90 dias, prorrogáveis por mais 60, para protocolar
o seu pedido de regularização.
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