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INVESTIGAÇÃO
Luis Favre foi citado em depoimento de acusado
Marido de Marta se dispõe a depor em inquérito de fraude em viação
MÔNICA BERGAMO
COLUNISTA DA FOLHA
ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL
O marido da prefeita Marta Suplicy, Luis Favre, se ofereceu ontem para depor no inquérito policial nš 28/03, que investiga a viação de ônibus paulista Cidade Tiradentes e seus ex-donos. Favre
tomou conhecimento anteontem,
por meio da reportagem da Folha, de que seu nome fora citado
em um depoimento do inquérito.
O marido da prefeita deve assumir um cargo público em breve.
Ele foi convidado para assessorar
o ministro Luiz Gushiken, da Comunicação, na divulgação internacional do governo federal.
Na petição apresentada à Deatur (Delegacia Especializada de
Atendimento ao Turista), em que
Favre se coloca "inteiramente à
disposição" para comparecer à
delegacia, o advogado Luiz Fernando Pacheco classifica o depoimento em que Favre é citado de
ter "conteúdo absolutamente inverídico e infamante".
O depoimento a que se refere o
advogado foi prestado no dia 14
de março por Gelson Camargo
dos Santos, preso sob a acusação
de estelionato, falsificação de documentos e formação de quadrilha na operação que envolveu a
venda da empresa Cidade Tiradentes (SP), no final de 2002.
Nele, Santos diz que existe um
"esquema" que envolve empresas
de ônibus e a administração municipal. Afirma que o ex-dono da
empresa Cidade Tiradentes, Leonardo Capuano, teria lhe afirmado que Favre seria "padrinho" de
"todo esse esquema". Cita ainda a
existência de uma "caixinha".
O preso relata um encontro que
teria acontecido no final de novembro, no hotel Maksoud Plaza,
em que Favre teria se reunido
com três empresários de ônibus.
Um deles, o mesmo Capuano, teria relatado depois a Santos que
teria entregue US$ 300 mil, no
jantar, ao marido da prefeita.
A Folha encaminhou na semana passada à Justiça um pedido
para entrevistar Santos, que está
preso. Ele se negou. O advogado
que o defendia, Itagiba Francez,
renunciou ao caso na semana
passada. Capuano está foragido.
Para o delegado Maurício Del
Trono Grosche, que colheu o depoimento do preso, Santos "disse
muita bobagem, muita coisa sem
sustentação". As informações,
porém, estão sendo apuradas.
O advogado de Favre sustenta
que o próprio perfil do depoente-que, além de indiciado neste
inquérito, também é acusado de
aplicar um golpe na Gallus Agropecuária, que faliu prejudicando
investidores-tira a credibilidade
do depoimento. "Favre está absolutamente tranquilo. Não conhece nenhuma das pessoas citadas,
nunca se encontrou com elas.
Não vai ao Maksoud Plaza há
mais de um ano e meio. Sua participação em decisões da prefeitura
é nenhuma, zero."
Pacheco aponta outro trecho do
depoimento, em que o preso diz
que Favre tem uma "linha de crédito no Uruguai e na Argentina",
ingressando dinheiro no Brasil
via Banco Central, como evidência da falsidade das declarações.
"É um dado que desmoraliza o
depoimento. Favre não tem linha
de crédito na Argentina e nunca
ingressou com qualquer valor via
BC no Brasil." O advogado disse
que pensa em processar Santos
por denunciação caluniosa.
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