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São Paulo, sexta-feira, 28 de março de 2003

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INVESTIGAÇÃO

Luis Favre foi citado em depoimento de acusado

Marido de Marta se dispõe a depor em inquérito de fraude em viação

MÔNICA BERGAMO
COLUNISTA DA FOLHA
ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL

O marido da prefeita Marta Suplicy, Luis Favre, se ofereceu ontem para depor no inquérito policial nš 28/03, que investiga a viação de ônibus paulista Cidade Tiradentes e seus ex-donos. Favre tomou conhecimento anteontem, por meio da reportagem da Folha, de que seu nome fora citado em um depoimento do inquérito.
O marido da prefeita deve assumir um cargo público em breve. Ele foi convidado para assessorar o ministro Luiz Gushiken, da Comunicação, na divulgação internacional do governo federal.
Na petição apresentada à Deatur (Delegacia Especializada de Atendimento ao Turista), em que Favre se coloca "inteiramente à disposição" para comparecer à delegacia, o advogado Luiz Fernando Pacheco classifica o depoimento em que Favre é citado de ter "conteúdo absolutamente inverídico e infamante".
O depoimento a que se refere o advogado foi prestado no dia 14 de março por Gelson Camargo dos Santos, preso sob a acusação de estelionato, falsificação de documentos e formação de quadrilha na operação que envolveu a venda da empresa Cidade Tiradentes (SP), no final de 2002.
Nele, Santos diz que existe um "esquema" que envolve empresas de ônibus e a administração municipal. Afirma que o ex-dono da empresa Cidade Tiradentes, Leonardo Capuano, teria lhe afirmado que Favre seria "padrinho" de "todo esse esquema". Cita ainda a existência de uma "caixinha".
O preso relata um encontro que teria acontecido no final de novembro, no hotel Maksoud Plaza, em que Favre teria se reunido com três empresários de ônibus. Um deles, o mesmo Capuano, teria relatado depois a Santos que teria entregue US$ 300 mil, no jantar, ao marido da prefeita.
A Folha encaminhou na semana passada à Justiça um pedido para entrevistar Santos, que está preso. Ele se negou. O advogado que o defendia, Itagiba Francez, renunciou ao caso na semana passada. Capuano está foragido.
Para o delegado Maurício Del Trono Grosche, que colheu o depoimento do preso, Santos "disse muita bobagem, muita coisa sem sustentação". As informações, porém, estão sendo apuradas.
O advogado de Favre sustenta que o próprio perfil do depoente-que, além de indiciado neste inquérito, também é acusado de aplicar um golpe na Gallus Agropecuária, que faliu prejudicando investidores-tira a credibilidade do depoimento. "Favre está absolutamente tranquilo. Não conhece nenhuma das pessoas citadas, nunca se encontrou com elas. Não vai ao Maksoud Plaza há mais de um ano e meio. Sua participação em decisões da prefeitura é nenhuma, zero."
Pacheco aponta outro trecho do depoimento, em que o preso diz que Favre tem uma "linha de crédito no Uruguai e na Argentina", ingressando dinheiro no Brasil via Banco Central, como evidência da falsidade das declarações. "É um dado que desmoraliza o depoimento. Favre não tem linha de crédito na Argentina e nunca ingressou com qualquer valor via BC no Brasil." O advogado disse que pensa em processar Santos por denunciação caluniosa.


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