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Aula em casa era comum no país
DA REPORTAGEM LOCAL
Mesmo quando querem, muitos pais não conseguem ajudar os
filhos a estudar, já que a escola
tem aumentado a complexidade e
a quantidade das tarefas. Essa é a
opinião de Arilda Ines Miranda,
professora de história da educação da Unesp. "Os pais são chamados a participar da aprendizagem, mas não dão conta. Os métodos de ensino de hoje são muito
diferentes", disse ela.
A participação dos pais na vida
escolar dos filhos é relativamente
recente. Apenas entre as décadas
de 20 e de 30 do século passado,
quando o sistema escolar ganhou
importância, é que os pais passaram a acompanhar lições de casa,
por exemplo. Até então, a responsabilidade pela educação nas famílias nobres do país era delegada
às preceptoras -mestras que ensinavam crianças em casa.
"Elas eram trazidas principalmente da Alemanha, moravam
na casa da família e acompanhavam o aluno em tempo integral.
Ter uma preceptora educando o
filho era símbolo de status", diz a
professora Diana Gonçalves Vidal, do Centro de Memória da
Educação da USP (Universidade
de São Paulo).
Diferentemente das "mães de
plantão" de hoje, no século 19 as
preceptoras tanto transmitiam
conhecimentos formais (línguas,
música e demais disciplinas)
quanto educação moral. Nessa
época, segundo Arilda Miranda,
os pais se limitavam a avaliar o
andamento do estudo.
O modelo de preceptores é bem
mais antigo do que o modelo escolar e remonta pelo menos à
Grécia Antiga. O filósofo Aristóteles (384-322 a.C.), por exemplo,
foi preceptor de Alexandre, o
Grande. O modelo chegou à Europa, onde permaneceu durante a
Idade Média, principalmente entre as famílias da nobreza.
As preceptoras começaram a vir
para o Brasil no início do século
19, após a chegada da família real
portuguesa, e atingiram seu ápice
na segunda metade do século. Entre a expulsão dos jesuítas (1759) e
a chegada da corte, a educação
brasileira passou por um período
de "fragmentação", segundo ela.
"A pouca educação ficava a cargo de um tio capelão, que tinha
estudado com os jesuítas. Havia
também as aulas régias, que eram
cursos avulsos", afirma Miranda.
De 1549 à expulsão no século 18,
a ordem religiosa foi a responsável principal por educar a colônia.
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