São Paulo, domingo, 28 de março de 2004

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Aula em casa era comum no país

DA REPORTAGEM LOCAL

Mesmo quando querem, muitos pais não conseguem ajudar os filhos a estudar, já que a escola tem aumentado a complexidade e a quantidade das tarefas. Essa é a opinião de Arilda Ines Miranda, professora de história da educação da Unesp. "Os pais são chamados a participar da aprendizagem, mas não dão conta. Os métodos de ensino de hoje são muito diferentes", disse ela.
A participação dos pais na vida escolar dos filhos é relativamente recente. Apenas entre as décadas de 20 e de 30 do século passado, quando o sistema escolar ganhou importância, é que os pais passaram a acompanhar lições de casa, por exemplo. Até então, a responsabilidade pela educação nas famílias nobres do país era delegada às preceptoras -mestras que ensinavam crianças em casa.
"Elas eram trazidas principalmente da Alemanha, moravam na casa da família e acompanhavam o aluno em tempo integral. Ter uma preceptora educando o filho era símbolo de status", diz a professora Diana Gonçalves Vidal, do Centro de Memória da Educação da USP (Universidade de São Paulo).
Diferentemente das "mães de plantão" de hoje, no século 19 as preceptoras tanto transmitiam conhecimentos formais (línguas, música e demais disciplinas) quanto educação moral. Nessa época, segundo Arilda Miranda, os pais se limitavam a avaliar o andamento do estudo.
O modelo de preceptores é bem mais antigo do que o modelo escolar e remonta pelo menos à Grécia Antiga. O filósofo Aristóteles (384-322 a.C.), por exemplo, foi preceptor de Alexandre, o Grande. O modelo chegou à Europa, onde permaneceu durante a Idade Média, principalmente entre as famílias da nobreza.
As preceptoras começaram a vir para o Brasil no início do século 19, após a chegada da família real portuguesa, e atingiram seu ápice na segunda metade do século. Entre a expulsão dos jesuítas (1759) e a chegada da corte, a educação brasileira passou por um período de "fragmentação", segundo ela.
"A pouca educação ficava a cargo de um tio capelão, que tinha estudado com os jesuítas. Havia também as aulas régias, que eram cursos avulsos", afirma Miranda.
De 1549 à expulsão no século 18, a ordem religiosa foi a responsável principal por educar a colônia.


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