|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
POLUIÇÃO VISUAL
Veículo com câmeras para fiscalizar propaganda não reduz autuações, que são contestadas na Justiça
Só 4% das multas do Tigrão foram pagas
FABIO SCHIVARTCHE
DA REPORTAGEM LOCAL
Lançado pela prefeita Marta Suplicy (PT) como solução para o
problema da poluição visual em
São Paulo, o Tigrão, veículo equipado com câmeras para fiscalizar
propaganda irregular, não reduziu o número de infrações na cidade. Nem as pesadas multas assustaram os infratores, já que apenas 4% deles pagaram as autuações expedidas em 2003.
A operação das vans começou
em setembro de 2002 e foi interrompida entre junho e setembro
do ano passado, período de adaptação à nova lei, de número
13.525, que foi aprovada já na
atual administração petista.
Durante 12 meses de fiscalização, foram autuadas 32.263 peças
publicitárias irregulares na capital
paulista -uma média mensal de
2.688. Segundo dados da Secretaria Municipal das Subprefeituras,
nos dois primeiros meses de 2004,
ano eleitoral, a média de multas
saltou para 3.677 por mês -um
crescimento de 37%.
"A prefeitura está multando cada vez mais. A cidade, no entanto,
não se livrou dos anúncios irregulares", critica Luiz Roberto Valente Filho, presidente da Central de
Outdoors, maior associação brasileira de empresas do setor.
Crítica da gestão Marta, a urbanista Regina Monteiro, diretora
do movimento Defenda São Paulo, que reúne 70 associações de
bairro da cidade, vai além. "A nova lei foi fruto de negociações políticas e é mais permissiva que a
anterior, aumentando a poluição
visual da cidade. Assim, o aumento das multas acaba tendo efeito
meramente arrecadatório."
Infratores
As multas, no entanto, não têm
amedrontado os infratores. No
ano passado apenas 1.310 (4%)
das 32.263 aplicadas foram pagas,
resultando em R$ 1,2 milhão para
o caixa do município. Os infratores contestam a cobrança na Justiça. Atualmente, a multa para um
outdoor padrão irregular é de no
mínimo R$ 1.000, quase o dobro
do que era cobrado.
A prefeitura rebate as críticas.
Afirma que a operação do Tigrão
aumentou a regularização dos
anúncios publicitários e que não
há interesse arrecadatório (leia
texto nesta página).
Alguns dos que dizem que as
multas do Tigrão são excessivas e
ineficientes comparam a atual situação com a polêmica lei aprovada pelo ex-prefeito Paulo Maluf,
em 1994, que obrigava motoristas
a utilizar o cinto de segurança na
cidade de São Paulo. No primeiro
mês de fiscalização, a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego)
multou cerca de 10 mil infratores,
valor que caiu para 20% desse total nos meses seguintes -ao contrário do Tigrão, que registrou aumento de autuações.
Cada Tigrão opera com quatro
câmeras de vídeo, um GPS (sistema de localização por satélite) e
um computador. Eles registram
imagens de calçadas, muros e fachadas com faixas e outdoors. Depois, as informações são cruzadas
com os cadastros da prefeitura,
que apontam quais anúncios estão irregulares. A Trends, empresa que opera as vans com esses
equipamentos, recebe R$ 38 para
cada multa paga.
Texto Anterior: Entrevista: Para secretários municipais, "jovem e grande" SUS necessita de avanços Próximo Texto: Outro lado: Problema caiu, diz secretário Índice
|