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AMBIENTE
Trabalho no maior pólo petroquímico do país indica presença de nitrato no lençol freático e ameaça às águas subterrâneas
Estudo aponta novo risco de contaminação em Paulínia
CAROLINA FARIAS
FREE-LANCE PARA A FOLHA CAMPINAS
As reservas de águas subterrâneas na região de Paulínia, maior
pólo petroquímico do país, estão
sob ameaça de contaminação.
O nitrato, identificado em quatro amostras coletadas pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente, indica que a área está sujeita a
ser afetada por outros poluentes.
A descoberta do nitrato no lençol freático ocorreu durante projeto piloto na região. Paulínia (SP)
ficou conhecida pela contaminação por pesticidas, causada pela
Shell, que levou à remoção de 265
moradores do bairro Recanto dos
Pássaros. A Shell foi obrigada a
comprar 66 propriedades.
A cidade tem 107 indústrias,
3.810 propriedades agrícolas e 40
distribuidoras de combustíveis.
Para a secretaria, a situação não
é alarmante, já que a concentração de nitrato, em só uma amostra, alcançou 5 mg/litro, metade
do nível considerado de atenção.
Mas, como estabeleceu a Cetesb
(agência ambiental paulista),
quando uma substância química
atinge metade do valor padrão, as
atenções devem se voltar para a
prevenção da contaminação, pois
o risco se torna iminente.
O nitrato afeta o ambiente e afeta a oxigenação no cérebro de fetos, levando a retardamento mental. Para a Cetesb, a presença de
nitrato decorre de industrialização, construção de poços para
captar água subterrânea e, principalmente, uso de fertilizantes.
Método
O projeto, que abrangeu dez cidades no entorno de Paulínia, refinou a análise de capacidade ambiental de áreas sujeitas a receber
empreendimentos: uniu material
sobre a situação da área, como relatórios da qualidade do ar, água e
solo, dados históricos e mapas topográficos e hidrológicos. Com isso, é possível fazer uma aproximação maior da causa da degradação existente e do efeito que pode ter um novo empreendimento.
"O que fizemos foi misturar de
forma lógica todos os dados de
controle ambiental. O objetivo é
achar a causa da degradação e os
efeitos que um novo empreendimento traria", diz o coordenador
do projeto, Cláudio Alonso, 58.
Segundo ele, a região de Paulínia
foi escolhida para o teste pela similaridade geográfica com outras
áreas do Estado e por sofrer alto
impacto do parque industrial.
Além desses fatores, há anos a
região tem todos os dados ambientais coletados pela secretaria.
Segundo Alonso, o projeto levou
à publicação da "Carta de Uso e
Ocupação da Região de Paulínia".
"O documento é mais uma ferramenta com as principais fontes
de poluição da região. Tudo estará na internet. Vamos divulgar isso ao máximo, para gerar interesse até em quem não é técnico."
Durante o levantamento, a secretaria também constatou que a
região perdeu quase toda a mata
nativa nos últimos dez anos. O
crescimento da mancha urbana
em dez vezes, entre 1978 e 1999,
contribuiu para a devastação.
Dos vestígios de mata nativa, a
maioria está no entorno de 15%
das indústrias dessa região.
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